03/06/2019
Virar carranca é também preservar a cultura que emana do Velho Chico
“Ei tio! Nós somos todos carranquinhas”. Foi com essa convicção e um largo sorriso infantil que fui recepcionado na Praça da Catedral, em Bom Jesus da Lapa, na tarde deste domingo (02/06). Quem me fez tal afirmação foi um pequeno aprendiz do Mestre Fazinho, do Grupo de Capoeira Ginga Bahia.
O ritmo dos berimbaus e do atabaque repercutiram pela praça respondendo ao pedido do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) que conclamou todos e todas a virarem carranca para defender o Velho Chico. A mistura entre o sagrado Cristão e o sagrado de Matriz Africana foi a expressão fidedigna da profunda e especial diversidade que constituem a população que fincou suas raízes às margens do Velho Chico.
A tarde de apresentações culturais da campanha ‘Eu viro carranca para defender o Velho Chico’ foi, no mínimo, simbólica. “Quero parabenizar todos vocês que estão organizando e trabalhando neste evento, e quero parabenizar todos nós que estamos diariamente trabalhando para preservar o São Francisco. Nosso trabalho é ensinar as crianças a respeitar, preservar e amar”, disse o Mestre Fazinho ao final da apresentação de sua turma.
Ao lado do palco, acontece uma feirinha de artesanato onde senhoras e moças empoderadas exibem seus trabalhos manuais e artes criadas pela necessidade de expressarem sua independência, capacidade criativa e poder de decisão. Se existe algo no universo que tem força, esse algo é uma mulher nordestina banhada com as águas do São Francisco.
A tarde contou ainda com a apresentação da Associação Esportiva Lapa Taekwondo, comandados pelo Grão Mestre Valdemir Teixeira. Outro momento simbólico que nos prova que assim como o rio é maleável, também o é a cultura de seu povo que sempre se permite aprender e nos ensina humildemente como sermos inclusivos.
No finalzinho do dia um violão toca no palco e o cantor e compositor Paulo Araújo solta a voz nos fazendo arrepiar com os versos de Caetano Veloso: “Dorme o sol à flor do Chico, meio dia; Tudo esbarra embriagado de seu lume; Dorme ponte, Pernambuco, rio, Bahia; Só vigia um ponto negro: o meu ciúme […]”, eita! Se tem uma coisa que o Velho Chico é, é poesia e música!
Pra encerrar o dia, o Padre Lessio nos convida para a missa na inacabada e belíssima Catedral Nossa Senhora do Carmo da Paróquia Bom Jesus. Abrigando todos em pleno céu aberto, a igreja nos acolhe e o pároco nos fala que comungar com Deus é preservar sua obra.
Veja as fotos das atividades:
Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Higor Soares
*Fotos: Sthel Braga
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