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10/11/2017

Último dia Mostra Velho Chico exibe filmes aos convidados

Na quinta-feira (09 de novembro), o Circuito Penedo de Cinema realizou a programação final da 4ª Mostra Velho Chico de Cinema Ambiental, que contou com a exibição de filmes aos convidados e com a participação de debatedores. O evento aconteceu na sala de exibições, instalada na Praça Doze de Abril, no centro histórico de Penedo.

Os 400 estudantes, professores e convidados ao entrarem na sala de exibições foram convidados a assistirem os filmes reservados para o último dia da 4ª Mostra Velho Chico de Cinema Ambiental. As produções audiovisuais escolhidas foram: Rio da Morte (Direção: Elizabeth Rocha Salgado), Não Mangue de Mim (Direção: Jaco Galdino), Vento Forte (Direção: Patrícia Antunes).

O primeiro filme trouxe uma reflexão sobre a exploração de minérios e do exagero da ação humana, que sempre deseja retirar mais da natureza e cada vez se preocupa menos com as pessoas ao seu redor. A realidade do subdistrito de Bento Rodrigues, localizado no município mineiro de Mariana, foi exposta em riqueza de detalhes, após o desastre ambiental causado pelo rompimento da barragem da mineradora brasileira Samarco.

Após o rompimento da barragem a lama repleta de minério saiu descendo cidade a baixo acabando com tudo o que encontrava, sem falar dos quilômetros ao longo do rio que ela também devastou, comprometendo assim comunidades inteiras que dependiam do rio para sua sobrevivência. O documentário trouxe a desesperança dos moradores que perderam familiares, casas e meios de subsistência diante do ocorrido. Ao fim desta apresentação toda a sala de exibições foi tomada por uma grande tristeza, não só pela realidade que aconteceu, mas por entender que até agora nada foi feito em prol da preservação e restauração daquele ecossistema.

Não Mangue de Mim retratou a realidade do mangue e os interesses dos poderosos sobre as terras das comunidades tradicionais. A reflexão que ele se propõe versa sobre o que é essencial para viver e o que verdadeiramente importa. Empresários tentam comprar terras que alguns povos tradicionais vivem e os moradores refletem sobre o que é mais valioso para eles, o dinheiro ou a natureza a qual eles podem cultivar durante toda sua existência. Pelos aplausos ao fim da exibição, ficou claro que os estudantes também escolheram a natureza, assim como os atores do filme.

Vento Forte foi o filme que encerrou a 4ª Mostra Ambiental, a produção atravessa 22 comunidades pesqueiras do Brasil e levanta a bandeira contra o crescente avanço da aquicultura empresarial, do turismo predatório sem precedentes e dos projetos geradores de impactos catastróficos para comunidades pesqueiras. Mas o que também chamou atenção deste documentário foi à raridade das histórias dos entrevistados, dos pescadores e pescadoras que não desejam nada além de seus direitos.

Os 400 alunos que marcaram presença nesta tarde de exibições são oriundos das escolas: Escola Estadual Professor Ernani Mero, Escola Sagrado Coração de Jesus e Instituto Federal de Alagoas – IFAL, Escola Estadual Dr. Alcides Andrade e Escola Municipal Santa Luzia.

As mostras de cinema infantis e de ambientais contaram com intérpretes de Libras, que facilitaram todo o entendimento para os surdos presentes. Ações como essas permitem a inclusão social e ajuda a perpetuar a cultura por meio do cinema.

Debate 

Os debatedores deste dia final foram escolhidos a dedo, o primeiro convidado foi Renato Mei Romero, que é Biólogo, Dr. em Zoologia, professor do IFAL – Marechal Deodoro e coordenador do Mestrado em Tecnologias Ambientais. O segundo a compor o debate foi Pablo Pinheiro, que também é Biólogo, especialista em Gestão Ambiental e Mestre em Diversidade Biológica e Conservação. A mediação ficou por conta do Biólogo Alexandre Ricardo de Oliveira, que possui doutorado em Oceanografia Biológica e desenvolve trabalhos com ecologia de crustáceos decápodes, ecologia de estuários e manguezais.

“Precisamos refletir sobre a palavra desenvolvimento, para algumas pessoas o significado pode ser apenas ela poder nadar no rio em que ela nasceu, mas para as grandes empresas elas percebem como um lugar para gerar dinheiro e energia, sempre visando à questão do lucro. Será que as pessoas e o meio ambiente estão sendo bem restituídas dos desastres que as acometeram? Quais são os impactos que o rio São Francisco sofre e nos não estamos dando importância? A produção do audiovisual nos desperta a acordar, o Circuito está de parabéns pela iniciativa, o meio ambiente precisa de nós”, declara Renato Romero.

Pablo levantou uma reflexão sobre o filme Ventos Fortes, que em suas imagens trouxe morte, perseguições e uma vida de atraso diante do retrocesso da preservação do meio ambiente. “O quanto somos apegados as nossas histórias? Quem são os donos das terras em que vivemos? O vento forte será que não é essa evolução a qual estamos passando e nos permitindo sermos levados? Devemos preservar o meio ambiente e acima de tudo os nossos direitos”, confessa.

O mediador Alexandre de Oliveira após responder as perguntas da plateia finaliza dizendo. “A reflexão que devemos fazer é se essas evoluções todas são realmente para a defesa do meio ambiente. As empresas vêm com a compensação ambiental, mas não pensam nas descaraterização desses ambientes. Que possamos estar atentos e não permitir com que tirem de nós o que temos de mais precioso, a natureza viva”.

A noite seguiu com uma programação musical exclusiva, no palco Penedo, com a apresentação da banda Lambertos e da cantora Lara Melo.

Confira as fotos

 

Por Vitor Luz

Fotos: Edson OLiveira

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