22/03/2019
Semana da Água conscientiza para preservação do rio Curituba em Canindé de São Francisco (SE)
Promover uma reflexão sobre o uso consciente da água e a importância da preservação da fonte de vida do planeta foi o principal objetivo das atividades que envolveram a Semana da Água, realizada de 18 a 22 de março, no município de Canindé de São Francisco, sertão do estado de Sergipe. As ações de mobilização social e educação ambiental realizadas foram referentes ao Projeto de Recuperação Hidroambiental na Bacia do Rio Curituba, que está sendo desenvolvido na comunidade, através do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), juntamente com o Ministério Público de Sergipe e a Prefeitura de Canindé de São Francisco.
Nesta quinta-feira, 21, em especial, todos os entes envolvidos compareceram à Escola Municipal Antônio Alexandre dos Santos, no povoado Curituba, para celebrar antecipadamente uma data tão significativa para a comunidade. Afinal, por instituição da Organização das Nações Unidas (ONU), comemora-se o Dia Mundial da Água no dia 22 de março. Na ocasião, as crianças aprenderam sobre o cuidado que deve-se ter com a água, por meio de apresentação teatral, explicações e o lançamento de uma cartilha lúdica, que foi distribuída entre elas para que pudessem levar para casa e conscientizar ainda mais pessoas.
“A palavra de hoje é reflexão. Brasileirinhos, estamos aqui para ensinar a vocês a cuidarem do planeta em que vocês irão viver no futuro”. Foi assim que o ambientalista Antônio Jackson Borges Lima, membro do Comitê, iniciou a apresentação da sua percepção sobre a natureza e fez uma série de questionamentos aos alunos. Atentos e pensativos, eles perceberam que podiam mudar algumas atitudes e contribuir com a preservação da água. “A primeira coisa que eu olho ao chegar em uma escola é o banheiro. Como uma escola pode ter moral de ensinar preservação ambiental, se tiver uma torneira ou uma descarga vazando e desperdiçando água cotidianamente? É preciso mudar pequenas coisas para colher grandes resultados”, destacou Jackson.
Aos 9 anos, a aluna da Escola Municipal Alexandre dos Santos, Ticiane Santos Mota, moradora do povoado Curituba, aprendeu nesta quinta-feira que não pode poluir as águas. “A gente nunca tinha tido um evento como esse aqui na escola, dedicado à água. Eu nunca tinha feito nada para preservar o rio daqui, mas agora vou seguir os conselhos e contar para os meus pais também, porque sem a água a gente não pode viver”, relatou Ticiane.
Para finalizar a programação do dia, foi realizada uma visita ao projeto, que fica a cerca de 3km da escola. No local, a equipe da GOS Florestal, empresa contratada pelo CBHSF para execução dos serviços, explicou os detalhes da iniciativa. O sócio-diretor da GOS e responsável pela execução do projeto, Alessandro Vanini, ressaltou para as crianças e moradores que estavam presentes, que após a conclusão das atividades pelos técnicos, será a comunidade que irá zelar pela área recuperada. “Nós estamos em fase de finalização: recuperamos a área, capacitamos e conscientizamos. Acreditamos que vocês irão fazer a sua parte para manter e esperamos que o projeto, que pode gerar até renda, siga em frente. Afinal, são os produtores que precisam ser os protagonistas disso”, acrescentou Vanini.
Ao longo da programação da Semana da Água, além da mobilização de diversas escolas da cidade, a rádio Xingó FM concedeu espaço para entrevista e mesa redonda, ampliando a discussão sobre a água para toda a região.
Veja as fotos da atividade:
Projeto de Recuperação Hidroambiental na Bacia do Rio Curituba
O rio Curituba é um dos afluentes do São Francisco, drena a região de Canindé e corta todo o município. Por ter sido maltratado durante séculos pela exploração inconsciente, o projeto de recuperação foi a primeira ideia que o membro do CBHSF e técnico agrícola, Heráclito Oliveira, teve ao ser convocado pela promotora de Justiça Allana Rachel Monteiro Batista Soares Costa, ainda em 2013, quando atuava como secretário de Agricultura do município. Na época, ela solicitou que todos os municípios da região do Baixo São Francisco idealizassem projetos que beneficiassem o meio ambiente.
Em 2016, o projeto foi iniciado com recursos da ordem de R$ 2,5 milhões, disponibilizados pelo Comitê, com previsão para finalizar em junho deste ano. Desde então, a recuperação de áreas de Reserva Legal (RL) e de Preservação Permanente (APPs) no entorno de nascentes e cursos d’água na sub-bacia hidrográfica do Rio Curituba, a fim de regularizar a produção de água, promover equilíbrio ambiental e uso sustentável dos recursos naturais, vem sendo realizados.
Para Heráclito, o maior legado do projeto é o que foi passado à população. Esse projeto ficou em 1º lugar na 5ª edição do Prêmio CNMP [Conselho Nacional do Ministério Público], em 2017, promovido pelo Ministério Público Federal, na categoria “Transformação Social”. “Nesses três anos, promovemos a educação ambiental e a discussão com a comunidade, além de reflorestar as duas margens, gerando transformação de vidas. O eixo principal foi a educação ambiental, mas também conseguimos incentivar financeiramente através da recuperação do meio ambiente”, explica o membro do CBHSF, satisfeito com o resultado gerado até o momento.
“O Comitê acreditou com muita confiança na ideia e foi um parceiro essencial ao assumir e bancar toda a execução do projeto. Agradecemos muito por isso e somos parceiros em vários outros projetos. Antes mesmo de finalizar, ver a recuperação que está sendo feita neste local já é uma felicidade muito grande para o Ministério Público de Sergipe. Estamos plantando essa semente de educação ambiental em todo o Baixo São Francisco e distribuiremos as cartilhas lançadas neste evento em diversos outros municípios também”, afirmou a promotora Allana Raquel, que dirige o Centro de Apoio Operacional de Proteção ao São Francisco e às Nascentes (CAOpSFN).
Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Carolina Leite
Foto: Carolina Leite
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