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04/06/2018

Segundo dia do II SBHSF é marcado por Mesas Redondas e muitos debates

Programação também contou com a inauguração da Didática VII.

Nesta segunda-feira, 04, aconteceu o II Simpósio da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (II SBHSF) e a programação se estende até o dia 06, na Universidade Federal de Sergipe (UFS) na Cidade Universitária Prof. José Aloísio de Campos, s/n – São Cristóvão. O primeiro dia foi marcado por mesas redondas e pela inauguração da Didática VII, um novo Observatório Social.

A programação da manhã foi iniciada com a uma cerimônia de inauguração da Didática VII, da Universidade Federal de Sergipe, que contou com a presença da Vice-Reitora, Iara Maria Campelo Lima, diversos reitores, pró-reitores e autoridades do segmento educacional.

O Pró-Reitor de Pós-Graduação da UFS, Lucindo Quintans Junior, trouxe a relevância da implantação da Didática VII. “Esse prédio além de receber todos os cursos de pós-graduação, vai receber também o Observatório Social, que vai discutir os problemas de Sergipe e assuntos relacionados ao Rio São Francisco. Hoje temos 2.500 alunos em pós-graduação e desejamos albergar mais conhecimento, pois 90% do conhecimento científico produzido em Sergipe sai desta casa. É neste ambiente plural que podemos crescer juntos”.

O Observatório Social ganhou força e significado no discurso do reitor Angelo Roberto Antoniolli. “Toda crise que se instala nos exige mais coragem e mais força na educação, transformando a Universidade em uma alavanca de desenvolvimento. Inaugurar essa obra hoje neste evento, mostra a necessidade que a universidade e o conhecimento precisam andar juntas em defesa do meio ambiente, essa é a nossa missão! Precisamos construir uma biblioteca virtual sobre o Rio São Francisco para que todo cidadão que deseje conhecer mais desta história, possa ter essa possibilidade. O Observatório Social é uma esperança que o povo sergipano deposita em nós, a fim de que novos saberes possam ser construídos. Esse é sem dúvida um momento muito importante e significativo. Desejamos contribuir com muito diálogo e fazer com que o conhecimento chegue onde é necessário”.

Mesa Redonda – Território, Governança e Gestão das Águas

A Mesa Redonda foi conduzida pelo Vice-Reitor da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Cleiton Monteiro, e as palestras ficaram a cargo do presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda e do membro da Agência Nacional de Águas (ANA), Alan Vaz de Lopes.

A primeira apresentação ficou a cargo de Alan Vaz de Lopes, que trouxe dados bastante expressivos sobre os recursos hídricos e sua administração em todo o Brasil. Ele também falou sobre as questões legais que envolvem os territórios e as decisões que são tomadas ao longo de toda a bacia do São Francisco. A transposição do Rio São Francisco que visa levar água para regiões onde esse recurso é escasso, também foi mencionando durante a explanação.

“Precisamos pensar em novos modelos de gestão e novos controles da gestão das águas. A medida que restringimos o uso, permitimos que os usuários usem as águas subterrâneas, o que gera outros problemas ao meio ambiente e à união, o que faz com que a Ana perca seu controle sobre os processos. Com essa crise hídrica nos aprendemos a mudar nosso processo e a nos adaptar para fazer novas intervenções”.

Alan finalizou com três perguntas: Como implementar processos decisórios e estruturas de gestão sustentável em diferentes escalas territoriais? Como adaptar estruturas de gestão a situações críticas e crises hídricas? Como coordenar ações e investimentos setoriais e de diferentes níveis de governo?

O presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, começou sua apresentação com uma questionamento: O que e quanto a natureza nos cobra? De 2013 a 2016, a seca e inundação afetaram 55,7 milhões de brasileiros, o que representa uma realidade que merece atenção urgente.

Outros questionamentos que o presidente trouxe foram: A crise maior que vivemos é de falta de gestão ambiental ou de recursos hídricos? Vamos continuar convivendo com acidentes como os do Rio Doce ou Barcarena a cada ano? Ele aproveitou a oportunidade para fazer um contraponto, entre as questões legislativas e governamentais, colocando o planejamento como principal ponto crítico.

Durante sua apresentação Anivaldo trouxe os elementos decisivos para universalização da gestão das águas: planos de bacias, comitê de bacias, sistemas confiáveis de outorga, cobrança pelo uso da água bruta, enquadramento dos rios, gestão integrada das águas superficiais e subterrâneas e gestão integrada de água e meio ambiente.

“Se tivéssemos bom senso, não precisaríamos de legislação. O que falta hoje em dia é gestão política, para que possamos conduzir os trabalhos referentes aos nossos aquíferos. O Comitê propõe o Pacto da Legalidade, para que governos devam começar a estabelecer pactos para universalizar os instrumentos, caso contrário não conseguiremos fazer uma boa gestão de recursos hídricos e ela se tornará uma grande farsa. Precisamos exigir dos nossos candidatos políticos que eles tenham propostas e uma grande preocupação quanto a escassez hídrica, pois a mudança de futuro se fez também durante as eleições”, destaca Anivaldo.

Ele também reforçou a importância do rio chegar a sua foz, pois no encontro com o mar existe vida e berçários naturais ao longo do estuário do Rio São Francisco. Não podemos permitir com que o Rio deixe de cumprir seu propósito, pois ao longo de toda sua extensão ele carrega história e futuro.

O presidente finalizou dizendo que precisamos nos libertar das ideias obsoletas! “O Brasil não tem culpa da nossa situação, só temos 200 anos e nossa democracia não teve tempo de ser firmar, ela ainda está sendo amadurecida, nos permitindo olhar para o futuro. Precisamos construir uma cultura de tolerância e debate e necessitamos de forma urgente acabar com a cultura do ódio nas redes sociais, pois isso não acrescenta e não constrói”, concluiu.

Veja as fotos do primeiro dia de palestras:

*Texto: Vitor Luz
*Fotos: Edson Oliveira

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