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12/04/2013

Redução das vazões de Sobradinho e Xingó causará impactos ambientais ao Rio São Francisco

A já anunciada redução das vazões dos reservatórios de Sobradinho (BA) e Xingó (SE), que passaram de 1.300m3/seg para 1.100m3/seg, acarretará, de acordo com o geólogo, professor e pesquisador Luiz Carlos Fontes, da Universidade Federal de Sergipe – UFS, inúmeros prejuízos ao meio ambiente e usuários das águas do rio São Francisco. Afetará principalmente os moradores do Sub-Médio e Baixo São Francisco, que abrangem os estados de Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.

“Essa medida reduzirá cerca de 1/3 das águas do rio, prejudicando os pescadores, a navegação, os irrigantes e, em especial, o ecossistema aquático. Implicará, de modo imediato, em danos no ciclo de reprodução dos peixes, no aparecimento de bancos de areia, devido ao assoreamento que hoje existe, além de dificultar a captação da água e a navegabilidade do rio, com o estreitamento do canal”, disse o professor.

Para ele, que foi secretário executivo do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco – CBHSF e hoje é membro de uma câmara técnica da entidade, essa determinação da Agência Nacional de Águas – ANA irá atender apenas às necessidades do setor elétrico. “A solicitação só leva em consideração os interesses do próprio setor elétrico. Não é demostrado, por parte deles, nenhuma preocupação, a longo prazo, com o ambiente aquático, com os seres vivos e com os usuários que dependem das vazões”, afirmou.

Copa do Mundo – Segundo Luiz Carlos Fontes, essa foi a primeira vez na história que o setor elétrico solicitou a redução das vazões mínimas – estipulado legalmente em 1.300m3/seg – para o período seco (com baixa intensidade de chuvas), contrapondo-se aos anos anteriores, quando eram realizadas as reduções em períodos úmidos (alta intensidade de chuvas).
“Por trás de tudo isso, existe um pano de fundo, que é a preparação do país para a Copa do Mundo, diminuindo as possibilidades de problemas na geração de energia hidrelétrica. Não foi, de maneira alguma, pensando no retorno da sazonalidade natural do rio”, comentou o professor.

Em alusão ao ofício que foi encaminhado na última semana pelo CBHSF à Agência Nacional de Águas – ANA, propondo a criação de uma ampla comissão para avaliar os prejuízos e impactos com as reduções, Fontes reforça: “É necessário dimensionar os impactos sócio-econômico-ambientais decorrentes da redução de vazões. Temos que ser contra um único usuário (setor elétrico) praticar as vazões que lhe convêm”.

Luiz Carlos Fontes observa que em nenhum momento o CBHSF foi alertado sobre a redução das vazões pelos órgãos responsáveis. “Além do Ibama e da ANA, que já autorizaram a medida, o Comitê do São Francisco também tinha o direito de decidir sobre a redução da vazão, mas isso não aconteceu. Ficamos sem poder de decisão”, lembrou.

ASCOM – Assessoria de Comunicação do CBHSF

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