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11/07/2013

Pesquisadores conversam com moradores para identificar efeitos da redução da vazão

No primeiro dia (10.07) da expedição pelo Baixo São Francisco, os pesquisadores e estudiosos percorreram cerca de 40 Km, desde Brejo Grande (SE) até a foz do Rio São Francisco, passando pelas comunidades de Cabeço e Potengi, e pela cidade de Piaçabuçu, em Alagoas. Nessa primeira imersão, o grupo, munido de máquinas fotográficas e gravadores, avaliou questões relacionadas ao meio ambiente, além de ter conversado com moradores das localidades mais atingidas.

Em um banco de areia situado na foz, Maria de Fátima Santos, dona de casa, enchia baldes de água, que era coada com um pano. Segundo ela, ultimamente, apenas na foz é possível encontrar água doce apropriada para o consumo humano. “No restante do rio, a água está ficando salobra”, reclamou. A dona de casa contou também com a ajuda de dois primos. O trio teve que andar cerca de 2 Km para chegar ao local.

Os pesquisadores visitaram também o que restou da comunidade do Cabeço, banida do mapa após a invasão do mar. “Tudo isso aconteceu depois da construção das barragens, quando começaram a ‘prender’ as águas. O mar veio vindo e começou a invadir e empurrar tudo”, acredita a artesã e pescadora Josenilda Gomes Barbosa. Ainda de acordo com ela, a água do mar já chega a Piaçabuçu, município que fica distante12 Km da foz. “O mar está subindo cada vez mais, misturando-se com a água do rio, e deixando a água salobra”.

O pescador Antônio Batista dos Santos, da comunidade de Potengi concordou: “Antigamente, a água não salgava tanto, só com a maré grande. A gente pegava água na beira do rio pra beber”, relembrou. “Agora, até com a maré simples ela fica salgada”. O pescador Antônio Silva afirmou que a cada dia está mais difícil pescar camarão por ali. “Antes, a gente passava três, quatro dias no rio para pegar uma boa quantidade de camarão. Hoje em dia, para capturar a mesma quantidade, são necessários sete ou oito”, lamentou.

A expedição pelo Baixo São Francisco, iniciada no último dia 10 de julho, pretende identificar os pontos críticos relacionados à redução da vazão no local. O processo de redução, autorizada pela Agência Nacional de Águas – ANA teve início há pouco mais de um mês e vai até novembro, podendo ser prorrogado, segundo a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco – Chesf.

“A partir do estudo exploratório, será realizado um documento com informações necessárias para o futuro do Velho Chico”, adiantou Carlos Eduardo Ribeiro Júnior, presidente da ONG Canoa de Tolda e também coordenador da Câmara Consultiva Regional do Baixo São Francisco, integrante do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco – CBHSF.

Além dele, fazem parte do grupo o geógrafo Melchior Nascimento, da Universidade de Alagoas (UFAL); a engenheira ambiental Cássia Juliana Torres, da Universidade Federal da Bahia (UFBA); o geólogo Luís Carlos Pontes, da Universidade Federal de Sergipe (UFS); o sociólogo Sérgio Silva Araújo, também da UFS; e a economista rural Avanir Gomes. Para os estudiosos, a redução da vazão prejudica a navegação, a agricultura irrigada, a pesca e a biodiversidade do São Francisco.

ASCOM – Assessoria de Comunicação do CBHSF

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