08/03/2018
Mulheres que defendem o Velho Chico
CBHSF homenageia mulheres que atuam na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco
No dia 8 de março comemoramos o Dia Internacional da Mulher. Hoje vamos homenagear mulheres de garra que lutam pela igualdade de direitos e uma vida digna. São mulheres que se destacam e fazem a diferença quando o assunto é meio ambiente e recursos hídricos. Elas atuam nas áreas de educação, gestão e planejamento e contribuem, decisivamente, para a preservação das áreas ambientais e da qualidade de vida das populações onde atuam.
Por sua crescente forma de participação dentro da sociedade, com forte influência nas decisões das políticas de desenvolvimento, a mulher está diretamente relacionada à causa ambiental e ao desenvolvimento sustentável. O avanço das sociedades tem trazido à mulher melhores condições de vida e o reconhecimento do papel de importância fundamental que exerce na vida das comunidades onde estão inseridas. O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) reconhece a importância dessas mulheres e, por isso, homenageia todas aquelas que contribuem para a preservação ambiental, conscientização social e manutenção da quantidade e qualidade das águas do Velho Chico e de seus afluentes.
Por sua inumerável forma de participação e atividade dentro da sociedade, com forte influência nas decisões das políticas de desenvolvimento, quer direta ou indiretamente, a mulher está relacionada à questão ambiental e, consequentemente, ao desenvolvimento sustentável.
Por isso, perguntamos às mulheres que são membros do CBHSF qual futuro elas sonham para o Rio São Francisco. Veja abaixo as respostas:
“Eu sonho que no Brasil o meio ambiente seja de fato prioridade. Que as futuras gerações tenham consciência da importância desse rio e conhecimento para agir visando sua revitalização. Que tenhamos no país, legislação adequada , instituições eficientes e sociedade organizada e bem informada para tornar o desenvolvimento sustentável uma realidade na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco”.
Yvonilde Medeiros, professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA)
“Como qualquer pessoa que milita e conhece as dores e sabores desse fabuloso corpo hídrico, eu espero que ele sobreviva a pressão de ser um rio de integração, pois unir seis estados mais o Distrito Federal, 505 municípios em seus 2.863 km² , 8% do território nacional, numa Bacia que percorre 54% em região semiárida e com grande diversidade de características físicas e hidroclimáticas já dá para perceber que precisamos sonhar muito… Mas, a esperança vem de que nestes 20 anos de implantação da 9.433, Lei das Águas, já caminhamos para frente conseguindo elaborar nosso Plano de Bacia, atualizá-lo, e estamos organizando e integrando as ações governamentais com a sociedade civil, aperfeiçoando o marco regulatório. No entanto, ainda temos muito o que fazer. Meu sonho hoje de futuro é que a Bacia, com toda sua diversidade, seja respeitada e que não caiamos num erro de achar que ela se comporta e reaja de forma uniforme. Então vale a pena sonhar e esperar para que o semiárido possa se tornar visível e que seus ativos (calor, ventos, biodiversidade e bioma caatinga) possam também apagar do imaginário de muitos (vidas secas) gerando riquezas e convivência racional e sustentável, pois, cada dia mais, a escassez nos coloca diante de uma realidade adversa”.
Ana Catarina Lopes Pires Azevedo, Instituto Vila Flor
“Espero ver a sociedade consciente da importância e vivendo em harmonia com o Rio São Francisco. Espero ver os recursos hídricos da Bacia Hidrográfica sendo utilizados de forma sustentável, sem conflitos e com o acesso à água democratizado. Espero ver um rio com a capacidade de cumprir a sua função ambiental e de atender aos brasileiros que tanto precisam dele”.
Cristiane Battiston, Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão
“Eu não tenho um sonho específico para o Rio São Francisco, mas para a Bacia do São Francisco, para as suas belezas e usos, para as pessoas que ali vivem e encontram seu trabalho, lazer, renda, suas famílias, cultura e bem estar. Espero que o futuro, diante de tantos desafios, possa trazer mais equilíbrio, sustentabilidade, participação e integração dos diversos atores que vivem e que tomam decisões pela Bacia. E, fundamentalmente, que os processos de recuperação contemplem, das cabeceiras aos trechos a jusante, trabalhos que possibilitem tanto a restauração de áreas necessárias, quanto o aumento da infiltração da água, melhorando áreas produtivas e ajudando a fixar o homem no campo. Espero que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 estejam na pauta da Bacia do Rio São Francisco”.
Ana Paulo Mello, Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG)
“O futuro que eu sonho para o Rio São Francisco é: um rio de verdadeira integração, sem esgotos sendo lançados em seu leito e a população sensibilizada ao seu verdadeiro pertencimento. Como também a preservação das nascentes dos seus afluentes e zero degradação”.
Rosa Cecília, Organização Sócio Cultural Amigos do Turismo e do Meio Ambiente (OSCATMA)
“A minha expectativa para o Rio São Francisco pode ser somente uma e é para isso que a gente trabalha: sua revitalização. Isso passa, inevitavelmente, por desencadear, desde já, a execução adequada do seu Plano de Bacia e pelo fortalecimento de um amplo processo de revitalização, contemplando a recuperação da cobertura vegetal, a proteção das nascentes e de áreas naturais, conservação dos solos, o combate aos processos erosivos, saneamento ambiental, mobilização da sociedade e implementação dos instrumentos de gestão de recursos hídricos, visando a segurança hídrica da Bacia. Para tanto, uma ação integrada é a única saída para que o Rio São Francisco alcance um futuro melhor”.
Larissa Rosa, Ministério do Meio Ambiente (MMA)
“Espero um rio da união, caudaloso, limpo, revitalizado, realizando todas as suas funções sociais e hidroambientais. Espero as nascentes, os lençóis freáticos e o aquífero límpidos e transbordantes, e que todo o povo da Bacia viva como diz Guimarães Rosa: “Perto da Água, Tudo é Mais Feliz!”
Silvia Freedman, Consórcio e Associações dos Municípios do Lago de Três Marias (COMLAGO)
“Acredito e sonho com o dia em que as águas do Velho Chico não mais estarão dando um tímido e triste adeus aos ribeirinhos, pescadores, fontes, nascentes e tributários…
Adeus à sussuarana, bem-te-vi, siriema, “passo” preto, onça pintada, veado, curió, anta, capivara, jaguatirica, lobo guará, gato do mato, tatu, ouriço…
Adeus ao mergulhão, carcará, ema, arara, pica pau, gavião…
Ao jaú, pirapara, pintado, traíra, dourado, piranha, surubim, piaba, curimatã, lambari, pacu, cascudo…
Adeus ao ipê, cedro, aroeira, ingá, assa-peixe, barbatimão, macaúba, jabuticaba, buriti, mangaba…
Sonho e acredito na volta do meu rio caudaloso… no grande murmúrio de suas águas, agradecendo à nova era.
Era de bonança na agricultura e pecuária…
Era da volta dos peixes, do homem ribeirinho, do pescador, do índio e quilombolas às suas águas e margens…
Sonho e acredito na sua ressureição, meu querido Velho Chico”.
Sirléia Drumond, Movimento Ecológico São Francisco de Assis
“Almejo que o Rio São Francisco continue a correr pelo solo brasileiro, gerando energia, produzindo alimentos, conectando lugares e pessoas, movimentando a vida e recebendo daqueles a quem serve, o devido respeito e cuidado!”
Sonáli Oliveira, Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf)
“Espero que atitudes sejam tomadas pelo Governo Federal em prol da recuperação do rio. A diminuição de água não é só por causa do povo. Espero também que os produtores rurais assumam o papel de produtores de água”.
Regina Greco, Associação de Usuários da Bacia Hidrográfica do Rio Pará
“O meu maior sonho é ver o Rio São Francisco com suas matas ciliares recuperadas e sem receber esgotos domésticos e industriais”.
Sônia Elizabeth Lima Santana, Fundação Nacional do Índio (Funai)
“Neste momento de união e luta, cenário de recuperação do nosso Velho Chico, milhares de famílias quilombolas resistem em seus territórios, cultivando seus modos de vida tradicionais, sua relação de respeito e conhecimento profundo e íntimo com o Rio São Francisco. Nos quilombolas, esperamos ter novamente o nosso Velho Chico revitalizado e preservado, voltando a dar esperança às famílias que há séculos vem preservando esta fonte de vida sempre disposta a enfrentar qualquer ameaça a sua existência. Pois, sem água, meio ambiente e território não existem os quilombolas. Somos os guardiões da preservação ambiental. Faz parte da nossa identidade, nossas raízes. É existência”.
Sandra Maria da Silva Andrade, Coordenação Nacional das Comunidades Quilombolas (CONAQ)
“Sonho com um Rio rico com volume de água de qualidade semelhante à importância cultural, econômica e ambiental que o São Francisco possui”.
Heloísa França, Serviço Autônomo de Saneamento Básico de Itabirito (SSAE Itabirito)
“O meu sonho é ver o Rio São Francisco, voltando a ser o Opará, como foi batizado pelos índios. É como disse o pescador poeta Antônio Gomes: “O Rio que era Opará, Rio grande como o mar” ou como dizia Luiz Gonzaga: “Rio forte que despeja no meio mar.” Mas, infelizmente o Velho Chico está enfraquecido e hoje é o mar que entra no meio do São Francisco por causa da destruição e civilização desordenada. O Rio Opará era um rio forte, limpo e com muitas riquezas. O Rio dos meus sonhos”.
Vilma Martins Veloso, Federação dos Pescadores Artesanais e Aquicultores de Minas Gerais (FEPAMG)
Confira as fotos das mulheres do CBHSF
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