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31/01/2013

GTOSF acompanha situação dos reservatórios do São Francisco

A situação dos reservatórios localizados na bacia do rio São Francisco foi analisada nesta quarta-feira (30.1) pelo Grupo de Trabalho Permanente de Acompanhamento da Operação Hidráulica na Bacia do Rio São Francisco – GTOSF, reunido na sede da Agência Nacional de Águas – ANA, em Brasília (DF).

As duas exposições técnicas sobre o assunto, a cargo da Companhia Hidroelétrica do São Francisco – Chesf e do Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS evidenciaram a persistência de situação hidrológica crítica na bacia, em plena vigência do período úmido (novembro-abril), com reflexos no baixo nível das vazões e no volume útil dos reservatórios.

O maior dos reservatórios, o de Sobradinho, localizado no Submédio São Francisco, encontra-se atualmente com apenas 25,2% do seu volume útil, conforme a gerente da Divisão da Gestão de Recursos Hídricos da Chesf, Sonáli Cavalcanti:

“O quadro que se apresenta agora na bacia ainda é de baixa a média hidraulicidade”, afirmou, esclarecendo que houve discreto aumento de vazão no Alto São Francisco na segunda quinzena de novembro passado, em razão da ocorrência de algumas chuvas, que não voltaram a se registrar em dezembro. Em janeiro voltaram a ocorrer precipitações, justificando a expectativa de recuperação de vazão nos próximos dias.

Giovanni Acioli, gerente do núcleo Norte-Nordeste do ONS, informou que a previsão climática de consenso ainda é crítica para a região Nordeste. Em relação às condições de armazenamento, o reservatório de Sobradinho atingiu o seu nível mínimo em outubro e o de Três Marias em dezembro. Porém, observou, “a tendência a partir de agora é que os dois reservatórios evoluam em função das águas que já estão no rio”.

Diante das condições críticas para a geração hidráulica, desde outubro se fez necessário recorrer à geração de energia térmica. Atualmente, conforme o ONS, o Sistema Interligado Nacional – SIN está gerando o máximo da sua capacidade térmica, ou seja, 14 mil megawatts.

Mais recentemente, há cerca de três dias, revelou, o sistema vem reduzindo a geração térmica, que é mais cara, para maximizar o uso da energia hidroelétrica proveniente da Usina de Tucuruí, no Pará, que até outubro estava com a primeira etapa desligada. A carga energética do Nordeste, que atualmente é de 9,5 mil megawatts, é provida pelo SIN com o aporte de energia hidrelétrica originária do Sudeste e de Tucuruí.

A expansão do parque térmico, conforme o ONS, permitiu que não se repetissem circunstâncias registradas em anos anteriores no São Francisco, quando, por falta de recursos alternativos, foi forçoso gerar energia hidroelétrica nos reservatórios, operando com níveis de vazão abaixo do limite recomendável. Dessa vez, está sendo possível manter a vazão mínima em 1.300 metros cúbicos por segundo. “Realmente, temos necessidade de manter a operação da cascata do São Francisco nesse nível de vazão. Temos que tentar operar de forma a não piorar os níveis de vazão”, explicou Acioli.

Alívio

O geólogo Luiz Carlos Fontes, da Universidade Federal de Sergipe – UFS recordou que nas ocasiões em que ocorreu, a redução da vazão abaixo do limite gerou protestos. Ele considerou positivo que o governo federal tenha investido, desde então, em fontes alternativas: “É uma coisa boa, proporcionou um certo alívio aos recursos hídricos, especialmente ao São Francisco”.

O coordenador da Câmara Consultiva Regional – CCR do Baixo São Francisco, Carlos Eduardo Ribeiro Junior, avaliou que a escassez de água decorre também da ação antrópica, o que reforça a necessidade de recuperação ambiental da bacia do São Francisco: “Sem água, não tem energia”, observou, acrescentando que o uso indiscriminado da energia elétrica na vida contemporânea, na forma de desperdício, também afeta a disponibilidade energética e consequentemente a operação dos reservatórios.

Ele citou como exemplo a generalização do uso de ventilação e iluminação artificiais em edifícios públicos, comerciais e residenciais, comparando com as condições de ventilação e iluminação naturais do edifício modernista do Ministério da Educação e Saúde, atual Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, sede regional do Ministério da Cultura, que construído ainda entre as décadas de 1930 e 1940, já contou com soluções avançadas e sustentáveis, introduzidas pelos autores da obra, o grupo de arquitetos brasileiros, inclusive Oscar Niemeyer, liderados por Lucio Costa, com a consultoria do arquiteto franco-suiço Le Corbusier.

A reunião foi conduzida pela coordenadora do GTOSF, Patrícia Maia e Silva, representante da Chesf, e além dos expositores Giovanni Acioli (ONS) e Sonali Cavalcanti (Chesf), contou com as participações de Joaquim Gondim e Antonio Augusto Lima (ANA), André Cavallari (Companhia Energética de Minas Gerais – Cemig), Pedro de Araújo Lessa (Secretaria de Meio Ambiente do Estado de Sergipe), Maria Quitéria Castro (Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia – Inema), Carlos Eduardo Ribeiro Junior (CBHSF/Câmara Consultiva Regional do Baixo São Francisco), Elias Silva (CBHSF/Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco), José Valter Alves (CBHSF/Câmara Consultiva Regional do Alto São Francisco), Luiz Carlos Fontes (Universidade Federal de Sergipe – UFS) e Yvonilde Medeiros (Universidade Federal da Bahia – UFBA / Rede Hidroeco). 

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