08/05/2019
Em audiência em Pernambuco, CBHSF discute os impactos do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, no Rio São Francisco
No dia 7 de maio, convidado pelo presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Rio São Francisco, deputado Lucas Ramos (PSB – PE), o presidente do Comitê, Anivaldo Miranda, e representantes de diversos segmentos da sociedade, ligados à gestão de águas, desenvolvimento econômico, saúde e meio ambiente, se reuniram para discutir sobre os reflexos do desastre ambiental.
Mais de cem dias após o rompimento da barragem Mina do Feijão, localizada em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG), os efeitos do desastre foram discutidos na audiência pública “Os Riscos ao Rio São Francisco após o Rompimento da Barragem da Vale em Brumadinho”, nesta terça-feira (07.05), no Recife (PE). Durante o evento, promovido pela Frente Parlamentar em Defesa do Rio São Francisco da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), a pesquisa “Monitoramento Geoespacial do Risco de Contaminação do Rio São Francisco Pós-Brumadinho”, realizada pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), foi apresentada pelo pesquisador Neison Freire.
De acordo com a análise, desde o último dia 12 de março, a pluma de rejeitos da barragem chegou à margem direita da Usina Hidrelétrica Três Marias por meio do Rio Paraopeba e, a partir daí, está se diluindo no lago e seguindo para o Rio São Francisco. Embora a contaminação das águas que chegaram ao Velho Chico ainda não tenha ultrapassado os limites estabelecidos para consumo, conforme as análises divulgadas pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), pela ANA e pelo CPRM, o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, adverte que é preciso olhar para o futuro e se precaver.
“Nosso Comitê é a favor de que as análises do lago de Três Marias continuem se intensificando, também a jusante do reservatório. Temos que nos preparar para acelerar o processo dessas pesquisas. Ainda não há nenhuma das substâncias fora dos limites estabelecidos, conforme divulgado pelos boletins oficiais, no lago de Três Marias, mas é preciso acompanhar como essas substâncias contaminantes, particularmente os metais pesados, vão se comportar a médio e longo prazos, observando, sobretudo, os processos de bioacumulação na cadeia da vida aquática”, comentou Anivaldo Miranda.
O presidente reforçou que a Bacia do Rio São Francisco precisa ser uma prioridade, pois é uma “questão nacional”. “Precisamos focar nos pontos que ameaçam o Velho Chico, pois ele não tem um plano B, então é absolutamente fundamental para o nosso País. É um rio que representa 70% da disponibilidade hídrica do Nordeste”, argumentou. E completou: “O rompimento da barragem é mais um alerta grave que deve ser levado em conta por toda a nossa sociedade. Por isso, é preciso prevenir para não termos que remediar. Precisamos ter segurança de que o Rio São Francisco não será o próximo Rio Doce”.
Coordenador da Frente Parlamentar em Defesa do Rio São Francisco da Alepe, o deputado estadual Lucas Ramos (PSB) reforçou que a contaminação ainda não se deu em um nível que comprometa a qualidade da água do Velho Chico, mas que, diante da possibilidade dessa evolução, é preciso garantir que os órgãos de controle ambiental ajam no sentido de preservar e impedir que isso aconteça. “A partir dessa audiência surgem vários encaminhamentos que serão apresentados ao consórcio de governadores do Nordeste. Isso porque os nordestinos serão diretamente impactados pela presença de rejeitos nas águas do São Francisco”, afirmou Lucas Ramos.
Para a coordenadora nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Fernanda Rodrigues, a discussão dos efeitos do Rio São Francisco é necessária, uma vez que é um bem que está a serviço da população. Fernanda argumentou, entretanto, que o debate não deve girar somente em torno dos reflexos do desastre ambiental na economia do País. “Estamos discutindo a contaminação do São Francisco de forma econômica, mas e a vida das pessoas que ficaram desamparadas após o desastre? A discussão precisa se dar de forma econômica, sim, mas a partir da vida da população. Nossa preocupação enquanto movimento é que os poderes façam o papel deles, que é defender o povo e a natureza”.
Participaram da audiência representantes da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), da Comissão Nacional de Direito Ambiental da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), da Secretaria Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco, da Secretaria Estadual de Recursos Hídricos e da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa).
Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Isabela Alves
*Fotos: Evane Manço/Alepe
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