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26/12/2017

Dois dedos de prosa com Sílvia Freedman

Coordenadora da Câmara Consultiva Regional (CCR) Alto São Francisco, Silvia Freedman foi uma das fundadoras do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e conta que é apaixonada pelo rio desde sua infância. Mineira e moradora de Três Marias (MG), às margens do reservatório e do rio, após o seu primeiro barramento, Sílvia sempre vivenciou de perto as belezas e as tristezas do São Francisco, seja brincando em suas águas ou se dedicando aos trabalhos em prol do Velho Chico. A coordenadora do CCR Alto sempre trabalhou com mobilização, sensibilização, implantação de projetos hidroambientais, entre outras ações. Sua atual gestão à frente do Alto é fruto da colaboração de todos os segmentos que compõem o São Francisco. Silvia é graduada em Administração de Empresas e Direito, especialista em Gerenciamento de Recursos Hídricos, Ecologia, Conservação e Manejo sustentável de Recursos Naturais e Direito Público.

Qual a importância do Alto São Francisco para a Bacia?

O Alto São Francisco tem uma responsabilidade imensa na produção de água em quantidade e qualidade. Composta por 240 municípios dos 504 de toda a Bacia, contribui com 72% das águas por meio de seus importantes afluentes, como o Paracatu, Pará, Paraopeba, Velhas, Abaeté, Jequitaí e Pacuí, Urucuia, Verde Grande, entre vários outros. Entendo o Rio São Francisco como resultado final e consequência das ações humanas e das políticas públicas exercidas em seus afluentes.

Quais são os principais desafios para a gestão das águas na região?

O Alto São Francisco, apesar de ser considerada uma região de grande importância hídrica, tem inúmeros problemas, que tendem a se agravar, e também uma contribuição acentuada de vários tipos de poluição e degradação. O nosso maior desafio é executar as diretrizes dos eixos temáticos do Plano Diretor de Recursos Hídricos, que é o norteador dessa gestão. Para tanto, decidimos trabalhar de forma participativa, com um coordenador e seus representantes para cada eixo, o que é fundamental para o sucesso e resultado dos trabalhos.

Sabemos que a população que vive às margens do Velho Chico é dependente do rio para viver. Qual é a função social da água para os moradores da região?

A água tem a função de promover a vida dessas pessoas. O olhar para a água tem que ser o olhar da sustentabilidade da vida. Os ribeirinhos, por exemplo, precisam do rio para todas as suas atividades diárias. Sejam pescadores, agricultores, pequenos ou grandes usuários. Estamos sentindo a necessidade da água de forma mais acentuada desde 2012, quando começamos a gerenciar imensos conflitos devido ao longo período de estiagem e à diminuição da vazão do rio. Várias cidades não conseguem sequer a captação para o uso prioritário, que é para o consumo humano.

A Agência Nacional das Águas (ANA) instituiu em julho deste ano, com o apoio do CBHSF, o “Dia do Rio”. A medida consiste na suspensão da captação de água todas as quartas-feiras até o fim de novembro. Qual o aprendizado que a escassez hídrica traz para a população?

A falta do acesso hídrico nos ensina a necessidade de racionalização e de valorização desse bem tão precioso que é a água. Também aprendemos que temos que nos unir e agir imediatamente para minimizar os impactos e garantir os usos múltiplos desse recurso. Pois além da água para beber, precisamos aprender a produzir de forma sustentável.

Qual é o futuro do São Francisco?

O meu maior medo é a interrupção do curso do rio a partir da barragem de Três Marias. Essa situação pode ser ilustrada pelas atuais ocorrências de seca nos afluentes mineiros, que representam 72% das águas do rio. Nossa contribuição como membros e cidadãos para o futuro do São Francisco está em unir as forças das coordenações do Alto e das demais CCRs para realizar o que propomos. Afinal, o Alto é a caixa d’água do São Francisco.

 

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