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25/04/2012

Descobertos vestígios de pegadas de dinossauros

Escavações provocadas pelas obras de transposição do Rio São Francisco revelam acervo paleontológico.

Penaforte. Geólogos e paleontólogos da Universidade Regional do Cariri (Urca) e da Área de Proteção Ambiental do Araripe (APA-Araripe) localizaram neste município vestígios de pegadas de dinossauros. As marcas foram encontradas em três pedras de arenito, no Sítio Baixio do Couro, a dois quilômetros da sede da cidade, ao lado de um riacho por onde passará o canal de transposição do Rio São Francisco.

A descoberta foi feita pelo geógrafo e arqueólogo pernambucano Edilson Teixeira Souza, que está acompanhando os eventuais impactos ambientais causados pela transposição. Num relatório enviado à gerência do Projeto de Integração da Bacia do São Francisco às bacias hidrográficas do Nordeste, Teixeira sugere que seja contratado um especialista em Paleontologia para aprofundar as pesquisas em torno das marcas localizadas na região.

No relatório, ele propõe que, caso sejam confirmadas as pegadas de dinossauros, a área deve ser cercada. O curso do canal poderá ser desviado. Outra sugestão é arrancar as pedras com as pegadas e levá-las para um museu do Cariri.

No fim de semana, os geólogos Jackson Antero, da Apa-Araripe, e Idalécio Freitas, da Universidade Regional do Cariri e gerente do Geopark Araripe, estiveram no município de Penaforte estudando as marcas das possíveis pegadas deixadas pelos dinossauros.

Jackson diz que a formação das rochas, onde foram localizados os indícios de pegadas de dinossauros, é igual à do Vale dos Dinossauros, na região de Sousa (PB), internacionalmente conhecido pelo acervo com pegadas, fósseis de dinossauros e um dos locais arqueológicos mais importantes do mundo. Mesmo assim, o assunto está sendo tratado com cautela.

Já o gerente do Geopark, Idalécio Freitas, vê o achado com um pé atrás. “Das três marcas, somente uma apresenta sinais de pegadas. Mesmo assim os locais devem ser analisados com equipamentos próprios”, diz Idalécio, acrescentando que cabe ao Departamento de Produção Mineral (DNPM) fazer um estudo da área. “As marcas não estão bem claras. As fotos, mesmo sob o olhar de um especialista, não ficam bem claras”, admite.

 

Desconhecimento

Na localidade onde foram encontrados os indícios de pegadas de dinossauro, nenhum dos moradores ouviu falar sobre o assunto. “Essa história de dizer que esta região já foi habitada por estes animais pré-históricos não é do nosso conhecimento”, afirma o agricultor José Ferreira, nascido e criado na região.

O guia Cícero de Oliveira Santos, que conduziu a reportagem do Diário do Nordeste até o local das eventuais pegadas, prefere acreditar na pesquisa dos geólogos. Quem sou eu para questionar um assunto tão importante. “Eles sabem mais do que nós”, complementa Oliveira, referindo-se à avaliação dos pesquisadores.

A presença de animais pré-históricos no Cariri, há cerca de 160 milhões de anos, não é novidade. Já foram encontrados fósseis de dinossauros e pterossauros em Porteiras e Santana do Cariri. As bacias sedimentares, segundo Jackson, constituem ainda hoje quase um arquivo vivo e descritível da nossa história natural, composta por estruturas geológicas que geralmente se situam em planícies fluviais ou litorâneas aglutinando sedimentos rochosos orgânicos e inorgânicos.

Apesar de terem sido animais especificamente terrestres, os dinossauros não desprezavam os cursos d’água doce ou marinha rasas, onde as espécies herbívoras pastavam e as carnívoras nadavam, caçando ou pescando. Alguns dinossauros atacavam com garras e grandes dentes serrilhados; outros se defendiam com garras ou chifres, ou com cristas de placas ósseas. Os dinossauros podiam viver até mil anos ou mais, segundo os pesquisadores do assunto.

O estudo dos dinossauros, a origem e diversidade de espécies, o seu habitat, o modo de vida e as causas de sua extinção sempre atraiu a atenção de muitas pessoas em todo o mundo. Ossos, dentes, ovos, pegadas e fezes (coprólitos) de dinossauros são encontrados em bacias sedimentares espalhadas por toda a área que hoje é o Brasil. Os principais sítios arqueológicos estão nas seguintes regiões: Chapada do Araripe (CE); Sousa (PB); Recife (PE); Alcântara e São Luís (MA); Tesouro e Morro do Cambambe (MT); Prata e Peirópolis (MG); Monte Alto, Presidente Prudente e Álvares Machado (SP); Candelária e Santa Maria (RS).

 

Cícero de Oliveira
 
Guia voluntário do IBAMA
“Acredito nas pesquisas dos estudiosos. Eles sabem mais do que nós para apontar os melhores vestígios na região”.

 

José Ferreira

Agricultor
“Essa história de dizer que esta região já foi habitada por estes animais pré-históricos não é do nosso conhecimento”.

 

SAIBA MAIS

 

Origem

A palavra dinossauro vem do grego ´deinos´ (terrível) e ´saurios´ (lagarto). Esses animais pertenceram à classe dos répteis e se multiplicaram em inúmeras espécies de todos os tamanhos, nitidamente adaptadas aos seus diversos ambientes naturais.

 

Pegadas

Os primeiros fósseis de dinossauros encontrados no Brasil datam de 1897. Tratam-se de pegadas fossilizadas descobertas na localidade de Passagem das Pedras, próximo ao município de Sousa (PB), pelo agricultor Anísio Fausto da Silva, que acreditava tratarem-se de rastros de boi e ema.

 

Identificação

Apenas em 1920, geólogos tomaram conhecimento dos tais ´rastros´, que, após estudados, foram identificados como provenientes de dois dinossauros diferentes entre si.

 

Pesquisas

Apesar da importância da descoberta, o material ficou esquecido por décadas, ora submerso por inundações, ora coberto por camadas de areia e cascalho. A partir da década de 40, o paleontólogo Llewellyn Ivor Price realizou estudos na localidade de Peirópolis, Uberaba (MG), e em pontos isolados do oeste de São Paulo.

 

Vale

Após Price, a Paleontologia ficou praticamente inativa. Na década de 70, o padre Giuseppe Leonardi estudou o Sítio de Souza, originando o que ficou conhecido como Vale dos Dinossauros, um dos sítios mais importantes do mundo.

 

Mais informações:
Geopark Cariri, Praça Alexandre Arraes, (88) 2101.5646 Instituto Chico Mendes da Biodiversidade, Praça Joaquim Fernandes Teles, (88) 3521.5138

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