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26/11/2015

Comunidade de Rio das Rãs comemora entrega de obras

Aproximadamente 300 famílias quilombolas, no município baiano de Bom Jesus da Lapa, comemoraram no dia 3 de outubro a entrega das obras de recuperação hidroambiental realizadas pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF). Foram investidos mais de R$ 628 mil na bacia do rio das Rãs, destinados a obras de requalificação a exemplo da construção de barraginhas, cercamento de nascentes, implantação de lombadas para desvio de água das estradas, além de faixas de rolamento e paliçadas para conter a erosão nas voçorocas.

Nas aulas de Ciências da professora Paulina Rodrigues sempre houve espaço para falar sobre o rio das Rãs, importante afluente do São Francisco que dá nome a uma comunidade remanescente de quilombo na região oeste da Bahia. Das inquietações de alunos e professores da Escola Municipal Elgino Nunes de Souza, localizada na comunidade quilombola em Bom Jesus da Lapa (BA), surgiu a mobilização em torno da recuperação do rio, que enfrentava graves problemas de degradação, como perda de matas ciliares e efeitos da erosão.

“Em setembro de 2010, fizemos uma caminhada com os estudantes pelos quatro quilômetros do rio, para ver de perto como a situação comprometia a vida da comunidade”, explicou a professora Paulina, uma das fundadoras da Associação Agropastoril e Quilombola Rio das Rãs, que em maio de 2015 completou 20 anos de atuação. Segundo ela, a atividade permitiu que os estudantes conhecessem a dimensão do rio, suas nascentes e também seus problemas.

Fruto dessa mobilização, cerca de 300 família da comunidade comemoraram no dia 3 de outubro a entrega das obras de recuperação hidroambiental realizadas pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), em atendimento às demandas levantadas pelos quilombolas. Foram investidos mais de R$ 628 mil na bacia do rio das Rãs, em Bom Jesus da Lapa (BA), destinados a obras de requalificação como construção de 235 barraginhas, cercamento de nascentes e áreas de proteção ao longo de quase 18 quilômetros, implantação de 136 lombadas para desvio de água das estradas, além de cerca de 20 quilômetros de faixas de rolamento e 48 paliçadas para conter a erosão nas voçorocas.

“O projeto nasceu da necessidade de reverter a degradação do rio. Cabe a todos nós, agora, manter o que foi realizado. Somos quilombolas e preservar a natureza faz parte da nossa identidade”, conclamou Ilane Arcanjo Teixeira, uma das moradoras da comunidade contratada pela Localmaq, empresa executora das obras. Além de Ilane, que atuou nas dez reuniões de mobilização comunitária, foram contratados outros 30 trabalhadores da própria localidade. “As reuniões serviram para conscientizar a comunidade da importância das intervenções e ouvir suas contribuições e prioridades”, explicou Ilane.

Os moradores também elogiaram os técnicos da empresa, que durante dez meses conviveram na comunidade. No ato da entrega estiveram presentes representantes da Prefeitura de Bom Jesus da Lapa e os funcionários da Localmaq e da Irriplan Engenharia, empresa responsável pela fiscalização das obras do CBHSF.

O coordenador da Câmara Consultiva Regional do Médio São Francisco, Cláudio Pereira, destacou os benefícios trazidos pelo projeto de recuperação hidroambiental, que, além da obra física, incluiu trabalho de mobilização e educação ambiental para conscientizar os moradores quanto à importância de preservar o rio. Pereira convocou a comunidade a ter apreço pelas intervenções, afim de que os resultados alcançados sejam mantidos.

“Deixa chover, para vocês verem como esse rio vai ficar uma maravilha, com suas matas florescendo, suas nascentes preservadas brotando. É claro que uma degradação que levou anos não se resolve com apenas um projeto, mas os resultados já serão sentidos”, destacou o coordenador, fazendo um comparativo com outras obras realizadas pelo CBHSF e que já promoveram mudanças significativas em rios da bacia. “O Comitê acredita que, ao fazer intervenções perto das comunidades, além de beneficiar diretamente seus moradores também haverá quem as preserve.”

ASCOM – Assessoria de Comunicação do CBHSF

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