25/05/2012
Comitês da Bacia do Rio São Francisco querem melhor gestão da água
A necessidade de melhorar a gestão dos recursos hídricos foi a conclusão que emergiu da discussão pública sobre os efeitos da estiagem na bacia do Rio São Francisco, que se estendeu durante todo o dia de hoje (25.5), no auditório da Codevasf, em Juazeiro. O encontro, promovido pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco – CBHSF, reuniu dirigentes dos governos federal, estaduais e municipal, representantes de seis comitês de bacias de rios afluentes, conselhos de seis açudes e a categoria dos produtores irrigantes do Oeste da Bahia.
No primeiro relato do dia o representante do comitê da bacia do rio Salitre, Almack Luiz Silva, distinguiu entre “a seca natural, cíclica, e a seca de gestão”. A abordagem predominou nas diversas intervenções, consolidando o entendimento de que a escassez de água que penaliza atualmente as populações, culturas e criações no Nordeste decorre tanto do fenômeno cíclico da estiagem como também de outros fatores, relacionados com a gestão dos recursos hídricos. No encerramento da programação matutina, o presidente do Comitê do São Francisco, Geraldo José dos Santos, destacou este como o sentimento emergente entre os participantes:
“É um anseio geral, todos desejam uma melhor gestão dos recursos hídricos, quer seja nas ações de governo, ou nas ações dos próprios comitês”. Os depoimentos evidenciaram problemas de toda ordem, desde a falta de água, falta de recursos para investimentos em obras hidroambientais, até o desmatamento, poluição, assoreamento, degradação das nascentes, técnicas predatórias, convergindo para o convencimento de que é necessário desenvolver meios de convivência com a estiagem, enquanto fenômeno cíclico.
O presidente da Agência Pernambucana de Águas e Climas – Apac, Marcelo Asfora, opinou que “devemos ter uma visão clara sobre o que é situação de calamidade e o que é a convivência com o semiárido. Neste momento, em relação à estiagem, estamos diante de um evento catastrófico, que deve ser tratado como tal, isto é, uma situação de emergência. Ao mesmo tempo, se aprendermos a conviver bem com o semiárido, se desenvolvermos procedimentos e tecnologias adequados, teremos meios para enfrentar a estiagem”
Quanto à seca enquanto fenômeno de gestão, o prefeito de Afogados da Ingazeira, Antonio Valadares, membro do CBHSF e coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, destacou o papel protagonista que deve ser conferido aos comitês de bacias, enquanto unidades responsáveis pela gestão dos recursos hídricos, e enfatizou o papel reservado ao governo federal: “Não conheço no Nordeste nenhum gestor público que tenha condições de realizar a gestão do problema hídrico no seu município, seja o tratamento de resíduos sólidos, seja a questão do esgoto ou qualquer outro, sem o apoio do governo federal”
Na sua apresentação¸ o chefe de gabinete do Secretário de Meio Ambiente da Bahia, Edson Ribeiro, enfatizou a complexidade e as dificuldades que envolvem a gestão dos recursos hídricos, assumindo que “na BAHIA nós reconhecemos as dificuldades e consideramos que estamos ainda engatinhando na gestão dos recursos hídricos”, afirmou.
O presidente do CBHSF, Geraldo José, destacou ainda, como resultado do encontro, a percepção do desejo coletivo de união dos comitês de bacia, objetivando a solução dos problemas relacionados com o uso da água. O representante do comitê da bacia do rio Grande, Siderlon Lopes, considerou que a interação entre os comitês “ainda é pequena, mas estamos nos encontrando mais, aprendendo, trocando. Estou muito alegre, nós precisamos otimizar as nossas relações para cuidar das nossas águas com mais responsabilidade” .
Participaram do encontro os comitês de bacias dos rios afluentes Pajeú (PE), Piauí (AL) e Salitre, Verde Jacaré e Grande (BA),os conselhos dos açudes Poço da Cruz, Brotas, Ingazeiras, Rosario, Jazigo e Serrinha (PE), o representante do Ministério da Integração Regional, José Luiz de Souza, o presidente da Associação dos Irrigantes da Bahia – Aiba, Julio Cesar Busato e Edneuma Gonçalves, chefe da Unidade de Empreendimentos Socioambientais da Codevasf, entre outros.
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