29/05/2013
Comitê de Combate à seca em Alagoas debate a situação do rio São Francisco
A reunião do Comitê Integrado de Combate à Seca, ocorrida nesta terça-feira (28.5), no Palácio Zumbi dos Palmares, em Maceió (AL), teve como principal assunto as consequências da redução de vazões do rio São Francisco. Os segmentos representados no colegiado manifestaram preocupação com a medida e relataram problemas já registrados no estado devido ao baixo nível das águas do rio.
Na reunião, o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco – CBHSF, Anivaldo Miranda, apelou para a adoção de medidas capazes de reverter a atual situação do rio, que já sofre as consequências da decisão do governo federal de reduzir as vazões abaixo do mínimo permitido nas barragens de Sobradinho e Xingó.
A reunião serviu para que órgãos estaduais e federais, a exemplo da Defesa Civil e da Companhia Nacional de Abastecimento – Conab, entre outros, realizassem a prestação de contas das ações desenvolvidas com recursos da União para combater os efeitos da seca. Porém, os problemas gerados pela redução das vazões do São Francisco dominaram a pauta.
O presidente do CBHSF apresentou os argumentos que respaldaram o posicionamento crítico do Comitê em relação à decisão do governo federal: “É preciso encontrar outras alternativas para a geração de energia, que não seja apenas através da utilização dos recursos hídricos”, defendeu.
Miranda relatou os prejuízos ocasionados pela medida, citando o comprometimento da água que abastece as populações ribeirinhas, o aumento dos gastos com carros-pipa para atender às famílias mais atingidas com a estiagem, além dos problemas causados à navegação e aos peixes, principalmente. “Estão acabando, estão matando o rio São Francisco”, afirmou.
Ele defendeu o melhor planejamento da gestão dos recursos hídricos, como forma de evitar que medidas consideradas emergenciais se tornem corriqueiras, como vem acontecendo nos últimos anos, com as frequentes reduções das vazões do São Francisco em períodos de estiagem. Além disso, lembrou a urgente necessidade de revitalizar as margens e as nascentes do rio.
Em Alagoas, 46 municípios decretaram estado de emergência, em virtude da seca. Destes, 37 estão localizados na região semiárida. Diante da situação, o secretário de Recursos Hídricos de Alagoas, Napoleão Casado, pediu uma atenção maior para o Velho Chico. Ele demonstrou preocupação com as informações sobre o alto índice de evaporação das águas do rio no sertão alagoano. “É preocupante, porque a Chesf diz esperar uma melhora desse quadro a partir de novembro, mas a previsão meteorológica é que não haverá chuva a partir de setembro”, relatou.
O prefeito do município sertanejo de Pão de Açúcar, Jorge Dantas, fez uma declaração que surpreendeu a todos. “Tenho observado que, apesar de a Chesf ter anunciado que a vazão do rio foi reduzida para 1.100 m³/s, o nível na cidade está abaixo disso. Avalio que deve chegar a 900 m³/s. Isso é um índice equivalente ao de racionamento”, declarou ele. Dantas acrescentou que o município sofre com o grande fluxo de carros-pipa, que trafegam na região para abastecer os reservatórios da população. “São caminhões que passam pela cidade a todo instante e isso acontece, claro, pelos efeitos da seca, mas, também, por essa decisão da Chesf, que afetou sobremaneira o São Francisco”, afirmou.
A equipe técnica da Companhia Hidrelétrica do São Francisco – Chesf fez uma explanação sobre a bacia do São Francisco e sobre as justificativas que fundamentaram a medida. De acordo com a engenheira hidróloga Patrícia Maia e Silva, foram realizados estudos de impacto antes da tomada de decisão, proposta pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS e autorizada pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis – Ibama e Agência Nacional de Águas – ANA.
ASCOM – Assessoria de Comunicação do CBHSF
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