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01/03/2013

Cardumes são dizimados à margem da fiscalização em Minas

Em pleno período de proibição da pesca para reprodução dos peixes, Estado de Minas percorre as águas do São Francisco e constata que infratores manejam tranquilamente redes e anzóis, capturando espécies ameaçadas na época em que estão mais vulneráveis

Buritizeiro, Pirapora, São Gonçalo do Rio Abaixo e Três Marias – A proibição da pesca durante a piracema, como é conhecida a estação de reprodução dos peixes, terminou ontem, mas, depois de quatro meses, o que deveria significar uma trégua para a renovação dos cardumes se revelou uma reedição da farra de capturas na época em que os animais se encontram mais vulneráveis. Redes estendidas nos remansos, tarrafas atiradas nas corredeiras, anzóis fisgando exemplares em plena desova encenaram um ritual que se repete ano a ano, à margem de qualquer fiscalização, dizimando espécies ameaçadas de extinção como dourados, surubins e matrinchãs. Foi o que constatou a equipe de reportagem do Estado de Minas ao percorrer, durante o período de restrição pesqueira, trechos do Alto Rio São Francisco. O histórico de pesca no manancial remonta à chegada dos europeus ao Brasil, naquela que ainda hoje é uma das mais importantes fontes de peixes de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. Importância insuficiente para determinar uma fiscalização séria em suas águas.

Tanto que a pesca predatória nesta piracema foi especialmente devastadora, segundo o Centro de Transposição de Peixes (CTPeixes) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A rede de pesquisadores de diferentes instituições brasileiras e estrangeiras que forma o centro destaca que as populações de surubins, dourados e outras espécies ameaçadas chegam à época de seca resumidas a 25% do número total de indivíduos. “Um cenário gravíssimo, que deveria ter motivado maior fiscalização. Ainda mais porque a época reprodutiva coincide com as cheias. Mas, como tivemos seca prolongada, os cardumes reduzidos se tornaram alvos ainda mais fáceis da pesca predatória”, denuncia o coordenador do CTPeixes, o biólogo Alexandre Lima Godinho. Neste ano, a falta de precipitações nos meses da estação de cheia castigou o Velho Chico, fazendo reservatórios como o de Três Marias, na Região Central de Minas, chegarem a 30% de sua capacidade.

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Fonte: em.com.br

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