23/01/2018
Audiência pública apresenta principais problemas sobre o saneamento básico em Macururé
Com uma população estimada em 8.320 habitantes, segundo dados do IBGE de 2014, o município de Macururé (BA), localizado na microrregião de Paulo Afonso, a 426 km da capital Salvador, é uma das cidades contempladas pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) para receber a elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico. Por isso, durante a noite desta segunda-feira (22) recebeu a equipe de engenheiros e técnicos da empresa responsável pela elaboração do plano, Envex Engenharia e Consultoria, para apresentação do diagnóstico atual dos serviços de saneamento básico em audiência pública.
A audiência é a primeira das quatro que acontecem durante esta semana nas cidades contempladas com o PMSB. Com uma população predominantemente rural, cerca de 70%, o município de apenas 55 anos enfrenta a escassez quase total de água. Segundo o diagnóstico apresentado, a cidade, que é a titular pelos serviços de abastecimento de água, coleta de lixo e limpeza urbana, não conta com drenagem e esgotamento sanitário.
Com o serviço de coleta de lixo acontecendo apenas na sede do município, a população da zona rural ainda utiliza da queima de parte dos seus resíduos, ação considerada danosa ao meio ambiente. A outra parte dos dejetos não queimados são dispostos de forma aleatória em valetas ou mesmo em terrenos a céu aberto. Já o lixo coletado na sede do município ainda é descartado, de igual modo, em lixões a céu aberto. Quanto ao abastecimento humano de água, uma das maiores preocupações da comunidade, só possível pela instalação de uma adutora localizada em um dos distritos da cidade, não consegue abastecer todos os moradores. De acordo com o levantamento, 48% da população não tem água nas torneiras por longos períodos e aqueles que tem, a recebem sem nenhum tipo de tratamento. A distribuição de água é gerida pelo município.
“A população de Macururé sempre conviveu com a falta de água. Na minha casa tem seis meses que não tem água na torneira, mas há locais com pessoas que não tem água há mais de um ano. A situação é de muita tristeza e até mesmo de revolta em saber que crianças deixam de ir para a escola por não ter como tomar banho ou até mesmo tomar café em casa”, afirmou a professora Emanuela Lima.
Confira as fotos:
Distante 42 km do Rio São Francisco, já foram realizadas, sem sucesso, algumas tentativas para levar água do rio até a cidade, de acordo com a população. Mas, o projeto mais aguardado no momento é a conclusão da obra da segunda adutora que deve abastecer mais uma parte da zona rural e algumas localidades da vizinha cidade de Chorrochó. “Nosso sentimento é de esperança. Queremos concluir a obra da segunda adutora até o final deste ano e com isso levar água para mais pessoas, além de também concluirmos e implantar o sistema autônomo de água e esgoto que já é projeto de lei e deve ser votado no retorno dos trabalhos da Câmara em fevereiro”, explicou o secretário de Meio Ambiente, Gustavo Vieira da Costa.
O PMSB deve estabelecer ações viáveis e estruturantes para o abastecimento de água em quantidade e qualidade; esgotamento sanitário; coleta, tratamento e disposição final adequada dos resíduos e limpeza urbana; e drenagem das águas pluviais. O plano deve atender a perspectiva dos próximos 20 anos com revisão a cada 4 anos. Após a apresentação do primeiro diagnóstico, uma nova audiência, agora com propostas e resoluções deve acontecer na cidade no mês de abril.
“O Comitê vem, ao longo dos anos, contribuindo com a promoção e elaboração de Planos de Saneamento Básico em municípios que não tem recursos para sua construção. Com isso, o CBHSF pretende contribuir para ações estruturantes destas cidades de modo a fazer com que cresçam de modo sustentável e com respeito aos recursos hídricos”, concluiu o secretário da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, Almacks Luiz.
Texto e Fotos: Juciana Cavalcante
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