16/06/2018
Alvorada, passeio ciclístico e manifestações culturais marcam início da campanha ‘Eu Viro Carranca para defender o Velho Chico’ em Januária
A campanha ‘Eu Viro Carranca para Defender o Velho Chico’, já promovida há cinco anos pelo Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), chegou neste sábado (16) ao município de Januária, região Norte de Minas Gerais. E chegou cedo: às 5 horas da manhã, com fogos de artifícios e alvorada ao som da tradicional bateria do bloco carnavalesco ‘Minhocão’. Jorge Bhama, um dos fundadores do grupo, explicou que o bloco se juntou ao movimento “para fazer coro em defesa do Rio São Francisco”.
O bispo Dom José Moreira da Silva, da arquidiocese de Januária, também participou da alvorada e foi mais um a virar carranca para defender o Velho Chico. “O rio está morrendo e sem água não há vida. Defender o Rio São Francisco é defender a vida. Nós, bispos de toda a bacia do São Francisco, estamos em campanha pela preservação do rio”, disse.
Um café poético recepcionou a passagem do bloco ‘Minhocão’ do centro da cidade até a concentração, na Orla do Cais de Januária, onde o grupo de ciclistas da cidade aguardava os participantes do movimento para a largada do passeio ciclístico. “Tudo por aqui gira em torno do rio. O São Francisco nos inspira, a nossa associação leva o nome do rio e, todos os torneios que realizamos, fazem menção ao Velho Chico. Não poderíamos deixar de participar deste ato de amor e defesa pelo nosso rio”, disse Evaneide Amorim, presidente da Associação de Ciclismo Velho Chico.
O Balé de Januária encantou os participantes com uma apresentação especial em homenagem ao rio. A bailarina de 11 anos, Rebeca Oliveira Morais, revelou emocionada seu temor pela morte do rio. “Quase não tem água no rio, precisamos ajudá-lo a se recuperar”.
Finalizando a programação da manhã, apresentação artísticas e culturais de grupos folclóricos de Januária, Pedras de Maria da Cruz, Bonito de Minas, Cônego Marinho, Itacarambi, São João das Missões e Manga, manifestaram em músicas e danças, reverência ao Velho Chico.
Orla da Alegria
Os participantes de todas as idades interagiram por meio de totens educativos com informações sobre o Rio São Francisco e um letreiro com o mote 2018 da campanha: “Eu amo o Velho Chico”, com uma moldura para fotos com a hashtag #virecarranca e publicação em mural nas redes sociais.
“É preciso fazer algo contra a degradação ambiental que aumenta a cada dia e está matando o rio”, desabafou o diretor da Escola Estadual Professor Josefino Barbosa, de Itacarambi, Eugênio Rodrigues Santos, que veio em comitiva com alunos e professores.
Miracy Gabriela Seixas Casagrande, aluna do terceiro ano do município de Itacarambi, explicou porque ela vira carranca pra defender o Velho Chico. “O rio faz parta da minha essência, cresci o admirando e vê-lo secando me deixa muito triste”.
Magna Francisca da Silva, artesã de Cônego Marinho, veio expor suas peças em argila e espera o retorno da água ao rio e analisa esperançosa que o movimento possa sensibilizar as autoridades quanto da necessidade de sua imediata revitalização.
Seca no Norte de Minas
O Rio São Francisco, no norte de Minas, convive desde 2011 com uma das piores secas de sua história, o que contribui para o aceleramento da degradação e assoreamento, intensificados por ações em atividades econômicas não sustentáveis. Nesse sentido, a população ribeirinha e povos tradicionais vêm perdendo a capacidade de manterem suas atividades e sustentarem suas famílias.
Sirléia Drumond, conselheira do CBHSF e coordenadora da campanha na região, reforça que “o movimento tem por objetivo chamar a atenção das autoridades para a imediata revitalização da bacia do São Francisco na região e sensibilizar a população sobre a importância da preservação do rio, que clama por socorro”.
Veja as fotos deste primeiro dia de campanha:
Texto: Núbia Primo
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