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05/06/2018

A proliferação de algas no rio São Francisco e o período de estiagem que se aproxima foram temas de videoconferência

A quantidade de algas na região do Baixo São Francisco tem registrado aumento desde o mês de março. Foi o que revelou estudo apresentado nesta segunda-feira (04 de junho) por técnicos da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), durante reunião semanal promovida pela Agência Nacional de Águas (ANA), em Brasília (DF) e transmitida por videoconferência para os estados banhados pelo Rio São Francisco. Diante da constatação, a representação do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) deverá pesquisar com mais profundidade o que tem provocado o problema, conforme revelou representante do órgão durante a reunião.

Como faltam informações mais palpáveis sobre o problema, a professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e membro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Yvonilde Medeiros, levantou a possibilidade de o problema ter ligação com o lançamento de esgotos sem tratamento. Diante dessa dúvida, os representantes da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) e Companhia de Abastecimento de Alagoas (Casal) devem apresentar estudo nesse sentido na próxima reunião do grupo, no dia 11.

Estiagem na bacia

Ainda na reunião, a equipe técnica do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) apresentou dados sobre o cenário de chuva na bacia do Velho Chico. O levantamento feito pelo órgão aponta para a ausência quase que total de chuvas para as próximas duas semanas.

O impacto desse cenário já poderá ser sentido a partir do final desse mês. Conforme explanação feita pela equipe do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) durante a videoconferência, os níveis dos reservatórios – ainda que de forma lenta –, começam a baixar. Os dados apresentados indicam que o reservatório de Três Marias, em Minas Gerais, que apresenta um índice de 48% de seu volume útil, deverá ser reduzido para aproximadamente 46% no final de julho.

Além disso, o reservatório de Sobradinho, na Bahia, deverá sair do patamar atual, de aproximadamente 36% para pouco mais de 34% e Itaparica, em Pernambuco, deverá ficar no nível médio de 20,7%. “O que temos ainda é um cenário de alerta”, ressalta do superintendente de Operações e Eventos Críticos da ANA, Joaquim Gondim.

Flexibilização Dia do Rio

A proposta de flexibilização do chamado Dia do Rio, apresentada pelos representantes dos perímetros irrigados com o argumento de que o cenário atual já permite uma outra alternativa à medida que suspende as captações de água no São Francisco às quartas-feiras, voltou à pauta da reunião desta segunda-feira. A equipe técnica da ANA apresentou, como contraproposta, manter a o Dia do Rio de forma quinzenal.

O diretor técnico da Peixe Vivo, agência delegatária do CBHSF, Alberto Simon, acompanhou a reunião no escritório da empresa, em Belo Horizonte (MG) e fez um alerta. “É bom lembrar que não há, ainda, um cenário confortável, inclusive conforme mostram os dados que apontam para uma redução dos níveis dos reservatórios”, considerou. A própria Agência Nacional de Águas deverá analisar melhor a proposta e voltar a discuti-la na reunião da próxima semana.

No final do encontro, o presidente da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), Marcelo Asfora, anunciou a conclusão de seu mandato à frente do órgão. “Acredito ter feito o melhor de mim para contribuir com as discussões que nos compete”, resumiu ele. Participam da videoconferência diversos entes ligados às questões do Rio São Francisco, a exemplo de representantes dos governos estaduais, do governo federal, Marinha, Ministério Público Federal, além de usuários e representantes do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF).

*Texto: Delane Barros

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