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08/03/2019

Ana das Carrancas e a memória de sua arte


Ana Leopoldina Santos, mais conhecida como Ana das Carrancas, foi uma artesã que encontrou no Velho Chico a sua fonte de inspiração e criação. Nesta sexta-feira, 8 de março, quando é comemorado o Dia Internacional da Mulher, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) homenageia a artista popular conhecida internacionalmente, que tinha um verdadeiro amor a uma terra que lhe concedeu a fartura e os conhecimentos da produção em barro.


Diz a lenda que diversos espíritos habitam as águas do rio São Francisco e para se proteger de embarcações viradas por eles, os pescadores começaram a colocar nas suas proas imagens que remetem a metade gente, metade animal. São as carrancas, capazes de afastar o mau-olhado, o azar e as assombrações. As primeiras carrancas datam de 1880. Foi assim, com este “acessório” junto às embarcações, que os pescadores ao longo do Velho Chico passaram a contar com uma nova proteção.

A figura imaginária, com olhos grandes e atentos, permeia o desenvolvimento de diversas gerações. Na década de 1950, chegando à Petrolina, no sertão Pernambucano, Ana Leopoldina Santos ouviu essa história de um dos pescadores. A descrição da carranca lhe chamou atenção. Ana, nascida em Santa Filomena, distrito de Ouricuri, filha de louceira, aprendeu desde cedo o ofício, que lhe servia de sustento através da venda de vasos e panelas.
De forma despretensiosa, levava junto às louças que já vendia na feira livre da cidade, as carrancas – que eram produzidas a partir do barro que encontrava às margens do rio São Francisco – e também começou a comercializar. Levou cerca de 10 anos até obter resultados como artista que era.

Ana das Carrancas fez inúmeras peças, mas nenhum número exato pode dimensionar o tamanho da sua obra. A artesã, ao longo de sua vida, recebeu diversas homenagens por propagar a cultura nordestina. Devido a problemas de saúde e idade avançada, faleceu em 2007. Mas sua obra se perpetua. Atualmente suas três filhas cuidam do Centro Cultural Ana das Carrancas e duas delas seguem seus passos produzindo carrancas que são expostas em feiras de artesanato e também podem ser adquiridas pelos visitantes do espaço cultural.


Veja as fotos:


Também em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, o jornal Travessia – uma produção do CBHSF e conta com uma tiragem de 5000 exemplares mensais – foi totalmente redigido por jornalistas mulheres.

08 de março é o Dia Internacional da Mulher. A data remete a uma série de fatos, lutas e reivindicações das mulheres em todo o mundo – especialmente entre a segunda metade do século XIX e as primeiras décadas do século XX – por direitos sociais e políticos e melhores condições de trabalho.

 

Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social

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