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04/01/2019

Recolhimento de embalagens de defensivos no Submédio do São Francisco contribui para cuidar do Rio São Francisco


Entre os maiores polos agrícolas do país, a região do Vale do São Francisco localizada na faixa do Sertão de Pernambuco e Norte baiano, contribui significativamente com o abastecimento de frutas em grandes centros, dentro e fora do país. Com isso, o número de produtos agrícolas também acompanha esse crescimento e para preservar tanto o solo como as águas e consequentemente a saúde humana, uma importante ação é vital nesse processo: a devolução de embalagens vazias de defensivos agrícolas.


De acordo com o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (INPEV), entidade sem fins lucrativos criada por fabricantes de defensivos agrícolas com o objetivo de promover a correta destinação das embalagens vazias de seus produtos, no ano de 2018, cerca de 500 mil toneladas de embalagens foram recolhidas em todo o território nacional. Deste montante, a região do Vale do São Francisco foi responsável pela devolução de aproximadamente 200 toneladas, segundo a Associação do Comércio Agropecuário do Vale do São Francisco (Acavasf).

A devida devolução, além de ser prevista por Lei federal (nº 9.974/00), contribui para que esse material que é extremamente nocivo ao meio ambiente de modo geral não agrida o solo, as águas e a saúde humana. A Lei estabelece princípios para o manejo e a destinação ambientalmente correta das embalagens vazias de defensivos agrícolas a partir de responsabilidades compartilhadas entre todos os agentes da produção agrícola, sejam eles agricultores, canais de distribuição e cooperativas, indústria ou poder público.

No Vale do São Francisco, a Acavasf funciona desde 2001 e a partir 2002 assumiu a gerência da central de recebimento de embalagens vazias. A sede funciona no município de Petrolina, no Núcleo 1 do Projeto Irrigado Senador Nilo Coelho (PSNC), que possui uma área irrigável de 20.361 hectares ocupada por lotes familiares e empresariais e que tem como principais fontes hídricas o Rio São Francisco e o lago de Sobradinho.

Com 976 km de canais, 818 km de adutoras, 711 km de estradas; 263 km de drenos e 39 estações de bombeamento, o PSNC representa uma grande potência em produção de alimentos e também de consumo dos recursos naturais. Por isso, o cuidado com essa e outras tantas áreas irrigáveis no Vale é vital para a durabilidade de recursos como solo fértil e água em quantidade e qualidade. O presidente da Acavasf, Deuzemar dos Santos, explica que a associação nasce com o objetivo de agregar os comerciantes do setor em torno da conscientização e educação ambiental.

Abrangendo aproximadamente 30 municípios em um raio de quase 400 km na calha do Rio São Francisco, a entidade que promove ao longo dos anos projetos sociais de conscientização e educação ambiental nas escolas em conjunto com a inpEV, revela que o início das atividades, há 17 anos, enfrentou desafios de adaptação por parte dos produtores.

“No início houve um processo de adaptação e conscientização. As embalagens que não eram largadas nos riachos e córregos fatalmente encontrando como destino o rio, eram queimadas. Foi difícil essa mudança de hábito dos agricultores, mas de lá para cá, com o trabalho da Acavasf e parceiros realizando treinamentos e educação ambiental conseguimos mudar essa realidade e conquistar a consciência do agricultor”, afirmou.

Agora, os agricultores já sabem como e onde realizar a devolução das embalagens. Após lavadas de modo correto e devidamente ensacadas em sacolas adequadas para essa finalidade, o agricultor tem até um ano para devolver as embalagens. A entrega é feita na sede da associação ou em ações itinerantes que acontecem, desde 2007, durante todo o ano nos municípios de abrangência.

O calendário também incluiu o dia do Campo Limpo realizado sempre no mês de agosto em todo o país. É nessa ocasião que as associações abrem suas portas para receber a comunidade em ações coordenadas de conscientização. “De forma regular recebemos visitas de escolas e fazemos contato com as comunidades para levar conhecimento sobre a importância da devolução das embalagens e também, tornar acessível a informação de que é preciso cuidar para ter, ou seja, precisamos cuidar do nosso ambiente para que ele continue saudável e assim, se possa continuar usufruindo dos recursos naturais de modo sustentável”, explicou a assistente administrativa da Acavasf, Luciana Nunes Brito Marcelino.


Veja as fotos da Associação: 


Responsabilidades compartilhadas

A logística reversa definida pelo Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é um instrumento para aplicação da responsabilidade compartilhada, caracterizada por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos ou outra destinação final ambientalmente adequada.

Para as embalagens vazias de defensivos agrícolas, a responsabilidade da devolução é do produtor e para isso é necessário realizar a tríplice lavagem e embalar em sacolas específicas para este fim, estas tendo como fim a reciclagem em produtos não manuseáveis. Já em embalagens contamináveis que são incineradas é feita apenas a armazenagem também em embalagem adequada para devolução. Todo material, após recolhido pela Acavasf, passa por um processo de triagem, separação por tipo de plástico, feito por profissionais especializados e é prensado para compor a carga que é levada para as centrais de reciclagem em São Paulo – SP.

A entrega de até 200 embalagens dispensa agendamento, o que já é obrigatório a partir desse número para devida organização e controle adequado de cada carga. No ato da devolução, o produtor recebe um documento que informa aos órgãos fiscalizadores que o produtor está em dia com a legislação, tendo procedido com a devolução adequada. “Nós somos muito cobrados e por isso, e também para contribuir com o meio ambiente, é muito importante a devolução, que é uma forma de cuidar da nossa terra e da água. Sem eles não tem como produzir”, acrescentou o produtor rural Sebastião Rodrigues Coelho.

 

*Texto e Foto: Juciana Cavalcante

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