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11/10/2018

A “grandiosa simplicidade” de São Francisco é retratada em exposição por artistas italianos

Obras de importantes coleções italianas, que datam dos séculos XV a XVIII, traduzem as fases mais relevantes da representação de São Francisco. A mostra inclui um passeio virtual à Basílica Superior de Assis, na Itália.

Séculos se passaram e as artes renascentista e barroca continuam encantando a humanidade. Obras de mestres como Tiziano Vecellio, Perugino, Orazio Gentileschi, Guido Reni, Guercino e os Carracci fazem, hoje, parte de importantes coleções italianas e chegam pela primeira vez ao Brasil. Este incomparável acervo poderá ser apreciado na Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte (MG) até o dia 21 de outubro, na exposição “São Francisco na Arte de Mestres Italianos”, que reúne 20 obras realizadas entre os séculos XV e XVIII.

Depois da capital mineira, a exposição irá para o Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. A mostra “São Francisco na Arte de Mestres Italianos” é inédita no Brasil e reúne pinturas pertencentes aos acervos de 15 museus de sete cidades italianas.

A estrela da coleção é San Francesco riceve le stimmate (São Francisco recebe os estigmas, de 1570), de Tiziano. Obra de três metros de altura por quase dois de largura, foi pintada pelo mestre veneziano aos 80 anos – Tiziano morreu aos 90. “Ela é quase grande demais para a sala, então será uma ótima oportunidade para apreciá-la, já que o público ficará muito próximo da tela. Tiziano não desenhava, pintava diretamente na tela. O quadro é um grande exemplo da pintura impressionista dele”, comentou o curador da mostra, Stefano Papetti.

A pintura integra o segundo e mais importante dos três núcleos da mostra, dedicado aos estigmas. Francisco de Assis é considerado o primeiro cristão a ser estigmatizado – ter as marcas como as chagas de Jesus Cristo na cruz.

A exposição é dividida em três núcleos e é com o núcleo Imagens que tem início. São quatro telas – o destaque é um São Francisco de Guercino da primeira metade do século 17 – que mostram a figura nas artes renascentista e barroca em sua primeira fase de representação. “Logo após a morte dele, a Ordem Franciscana entendeu a importância de se desenvolver uma iconografia que expressasse uma vida simples. Nesta primeira parte, você o vê sempre sozinho, com vestes típicas e acompanhado da Regra (o livro em que ele escreveu as leis para os frades). Ali, ele está sendo representado sempre com uma figura pequena”, explicou Papetti.

O núcleo seguinte, Os estigmas, reúne 12 obras. Além da tela de Tiziano, a sala da Casa Fiat é tomada por um estandarte de 1629 de Guido Reni. Na parte frontal do quadro, São Francisco recebe os estigmas; na tela posterior, ele aparece pregando. “Foi Giotto (1267-1337) quem revolucionou a iconografia do santo, tirando de cena a figura magra e sofrida e mostrando um rosto angelical, mesmo que sempre com as vestes simples”, esclareceu o curador.
Por fim, a última sala, Conversações sacras, reúne quatro telas que expressam a terceira fase da representação do santo. “É um período muito representado, pois ele está acompanhado de outros santos, como a Virgem Maria e Santo Antônio de Pádua”, afirma Papetti.

Além das pinturas, a mostra também conta com uma sala de Realidade Virtual, com óculos que “teletransportam” o visitante direto da Casa Fiat de Cultura para a Basílica Superior de Assis (1228), na Itália. No passeio visual por uma das mais belas e importantes basílicas do país, é possível ainda conhecer as obras-primas de Giotto (1267-1337), artista símbolo dos períodos medieval e pré-renascentista.

São Francisco de Assis (1182-1226) é um dos mais populares e adorados santos da Igreja Católica e também um dos religiosos mais presentes na arte mundial. A iconografia do fundador da Ordem Franciscana teve início pouco após a sua morte – ele foi canonizado pelo papa Gregório IX apenas dois anos depois de morrer.

Confira algumas obras: 

Velho Chico

O Rio São Francisco foi descoberto em 4 de outubro de 1501, pelos viajantes Américo Vespúcio e André Gonçalves. Os índios que habitavam a região chamavam-no de Opará, que significa rio-mar. Os viajantes deram o nome de São Francisco ao rio em homenagem a São Francisco de Assis, nascido na Itália 319 anos antes do seu descobrimento e festejado na data de descobrimento do curso d’água.

Texto: Luiza Baggio
Fotos: Casa Fiat de Cultura

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