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27/11/2017

22º Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos começa em Florianópolis com reflexão, crítica e em clima de preparação para o Fórum Mundial da Água

Com o tema “Ciência e tecnologia da água: inovação e oportunidades para o desenvolvimento sustentável”, a participação de mais de 1,3 mil trabalhos técnicos selecionados e a presença de lideranças ambientais, políticas e acadêmicas das esferas nacional e regional, o 22º Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos trouxe a questão ambiental para o centro dos debates. Na abertura oficial do evento, na noite do dia 26 de novembro, no auditório do Centro-Sul, em Florianópolis, a tônica foi para a necessidade de aprimorar a forma de gestão dos recursos hídricos. O evento é uma promoção da Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH) e ocorre até o dia 1º de dezembro, como uma fase preparatória para o 8º Fórum Mundial da Água, que acontecerá de 18 a 23 de março de 2018, em Brasília (DF). Entre os assuntos dos discursos da cerimônia oficial de abertura do simpósio, destaque para a implementação da política nacional de recursos hídricos, a gestão das crises hídricas e as estratégias para garantir o desenvolvimento sustentável. A conferência de abertura foi ministrada pelo líder espiritual Sri Prem Baba.

A realização do 22º Simpósio da ABRH marca o aniversário de 40 anos da entidade. Na abertura, o primeiro presidente da associação, Nelson Luiz de Souza Pinto, foi homenageado pelas suas contribuições históricas no desenvolvimento socioambiental pelo viés hídrico. Ao agradecer a condecoração, ele lembrou que a associação surgiu a partir da iniciativa de um grupo de jovens cuja prioridade era o trabalho técnico-científico e se tornou resultado de um esforço continuado. Argumentou a necessidade de o país definir melhor o aproveitamento dos recursos hídricos e a conscientização sobre a finitude deste recurso natural. Também relembrou momentos pontuais como as disputas e relações de poder nos bastidores da entidade. “Se eu for pensar na principal contribuição que dei para a associação, eu diria que foi a ideia de não aceitar a reeleição dos presidentes”, defendeu.

O público foi saudado pela representante da comissão local do Simpósio, professora Nadia Bernardi Bonumá, que enfatizou a esperança de que o evento contribua para avanços na ciência hidrológica e na preservação das águas para o agora, mas consciente da necessidade das futuras gerações. Ela comemorou a seleção de quatro pesquisadoras no Prêmio Jovem Pesquisador da ABRH. “É uma demonstração de que mulheres brasileiras também fazem ciência de alta qualidade”, enfatizou. Outro destaque se deve ao fato de a abertura do evento coincidir com a semana em que Santa Catarina aprovou seu primeiro plano de gestão de recursos hídricos. Enquanto nacionalmente, o primeiro código das águas do Brasil data dos anos 1930.

O presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, denunciou em sua fala o corte de recursos para a pesquisa e ciência, sob aplausos da plateia. Ele solicitou ao representante da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (ALESC) presente na ocasião, o deputado José Milton Scheffer, que interceda com os demais políticos para evitar retrocessos encaminhados ao Congresso Nacional no que diz respeito à gestão da água no país. Andreu reforçou ainda a importância do Fórum Mundial, em março do ano que vem, na discussão qualificada e aprimoramento da legislação sobre o tema. O gestor recebeu da ABRH uma homenagem em nome da ANA, a qual dedicou a todos os servidores da agência, 45 deles participam do congresso. 

Confira as fotos 

CBHSF participa do Simpósio com seis integrantes e estande próprio

Baseados na experiência tripartite, com a união de governos, usuários e sociedade civil, comitês das bacias hidrográficas também participam do evento, como uma das instâncias de gestão. A valorização dos Comitês foi enaltecida no Simpósio, pela sua autonomia, como protetores da paisagem e gestores de bens naturais coletivos. O presidente da Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH), Vladimir Caramori, explicou que o trabalho da entidade depende dos comitês. Segundo ele, o objetivo da ABRH é estabelecer os referenciais de conhecimento que possam modificar as realidades locais. Ele lembrou que o Brasil tem passado por diversas crises com relação à água, como o caso de Mariana, mas esses conflitos ainda não foram suficientes para colocar a questão no centro da agenda pública. “Nosso debate precisa chegar de forma mais efetiva para a sociedade”, argumentou. “Com certeza, temos grandes aprendizados com as crises. Mas o que faremos com o aprendizado? Ter o aprendizado apenas não basta!”, completou.

Atento às discussões nacionais sobre o tema, o Comitê da Bacia do Rio São Francisco (CBHSF) participa do simpósio nacional com um estande próprio, onde reúne materiais de divulgação. O presidente do CBHSF, Anivaldo de Miranda; o integrante da Câmara Consultiva Regional (CCR) Baixo São Francisco, Melchior Nascimento; a integrante da CCR Baixo São Francisco, Ana Catarina Pires de Azevedo Lopes; o membro do grupo de trabalho Legado, Renato Scalco; o coordenador da CCR Submédio São Francisco Julianeli Tolentino Lima, e Yvonilde de Medeiros, da CCR Submédio São Francisco formam a comitiva. A importância da gestão local e comunitária das bacias hidrográficas foi lembrada na fala do presidente da ABRH. Segundo ele, os comitês são o “parlamento das águas”, onde se definem as prioridades de cada bacia. “No caso específico do São Francisco, que vem passando também por uma crise hídrica intensa, severa, o Comitê tem um papel central de trazer, dentro dessa visão política de discussão das questões da água dentro desse parlamento, as demandas da bacia e analisar isso frente aos instrumentos da nossa política nacional de recursos hídricos”, destacou Caramori.

 

Por Magali Moser

Fotos: Rodrigo Sambaqui

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