08/02/2016
Peixes do São Francisco ameaçados de extinção
Iniciativa do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o PAN São Francisco foi destaque na programação da XXVIII Plenária do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. O analista ambiental Cláudio Rodrigues Fabi, um dos coordenadores do projeto, que é voltado para a conservação da fauna do São Francisco, evidenciou sua preocupação com as inúmeras espécies de peixes em extinção na bacia.
Aprimorar o conhecimento sobre as espécies ameaçadas e mitigar as atividades impactantes, promovendo a conservação e a recuperação da fauna aquática da bacia do rio São Francisco. Este é o foco do trabalho do Plano de Ação Nacional para Conservação das Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna Aquática da Bacia do Rio São Francisco, o chamado PAN São Francisco. A iniciativa do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) foi destaque na grade de palestras da XXVIII Plenária do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, que aconteceu em Salvador (BA).
De acordo com dados apresentados pelo analista ambiental do ICMBio, Cláudio Rodrigues Fabi, atualmente, oito espécies de peixes estão em extinção na bacia do São Francisco. “As hidrelétricas e o controle das vazões são as grandes ameaças para a sobrevivência desses peixes. Devemos pensar neles e nos outros organismos aquáticos quando estivermos fazendo o planejamento de novas barragens. O fim do peixe é o término de uma proteína muita importante para a bacia”, alertou, citando espécies em extinção, como o mandi-brague, pirá, pirapitinga, lambari, pacamão, cascudo do mucutu, cambeva e barrigudinho. Além dessas, outras seis espécies já se encontram no estágio de “quase extintas”.
Fabi criticou a construção de novos barramentos ao longo do Velho Chico, após a temática vir à tona durante a Plenária do Comitê. “Hoje, os pescadores pagam um preço muito alto pelo desaparecimento do pescado. Não foram eles os responsáveis, mas são os que mais sofrem com a ausência. A instalação de novas barragens irá gerar um dano ambiental ainda maior”, explicou.
Cheias induzidas
Em outro momento da sua apresentação, o especialista afirmou que espécies predatórias que foram introduzidas na bacia do São Francisco, a exemplo do tambaqui e do tucunaré, também estão contribuindo para o desaparecimento das espécies nativas. Para ele, uma das soluções seria “promover cheias induzidas a partir dos reservatórios instalados ao longo do rio”, entretanto, a medida se torna inviável, uma vez que esses reservatórios estão com pouca disponibilidade hídrica. “No momento em que Sobradinho atinge o pior nível de sua história, o tema não é nem colocado em discussão”, disse, ao lembrar que a represa conta com apenas 1,1% do seu volume útil.
Fabi explicou que sua presença na Plenária do CBHSF foi principalmente para divulgar o trabalho do PAN São Francisco e unir forças com a entidade. “Queremos trabalhar juntos. Não existe PAN do São Francisco sem a parceria do Comitê”, destacou.
*Esta matéria foi veiculada no Jornal Notícias do São Francisco nº 38. Para ler o jornal completo, acesse.
ASCOM – Assessoria de Comunicação do CBHSF
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