09/12/2015
Especialistas concordam que houve falha na gestão dos reservatórios
Durante o debate “Situação Hidrológica da Bacia do Rio São Francisco”, uma das mesas redondas da XXVIII Plenária Ordinária do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, realizada nesta quarta-feira, dia 9 de dezembro, no Hotel Catussaba, em Salvador, dois dos principais especialistas em recursos hídricos do Brasil denunciaram a má gestão dos reservatórios da bacia. “Não há dúvida de que o modelo de operação de reservatório foi falho. A prova mais expressiva disso é a situação atual de Sobradinho, que chegou a 1% da sua capacidade”, afirmou o engenheiro hídrico Rodolpho Ramina.
A fala de Ramina fez coro ao pronunciamento do também engenheiro hídrico Pedro Molinas, que denunciou a falta de publicidade, transparência e diálogo nas decisões sobre a diminuição de vazão dos reservatórios. “É essencial o reconhecimento por parte da ANA (Agência Nacional de Águas)e do ONS (Operador Nacional do Sistema), de que tanto Sobradinho como Três Marias são domínios de usos múltiplos, sendo imprescindível alocar recursos hídricos para estas finalidades, garantindo compensações a partir de um plano de demandas”, pontuou Molinas.
A mesa redonda também contou com a presença de representantes dos órgãos gestores dos recursos hídricos brasileiros, como o diretor-presidente da ANA, Vicente Andreu; o superintendente da CHESF (Companhia Hidroelétrica do São Francisco), Ruy Barbosa Pinto; o gerente de Planejamento Energético da Cemig (Companhia Elétrica de Minas Gerais), Marcelo de Deus Melo; e o gerente executivo do ONS, Saulo José Cisneiros; além do presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Anivaldo Miranda.
O diretor-presidente da ANA, Vicente Andreu, parabenizou o Comitê pela importância da mesa, com diferentes pontos de visitas e contribuições técnicas, e disse esperar que as discussões ali realizadas tenham repercussão na vida das pessoas e na qualidade das águas da bacia. “Concordamos que nossos instrumentos foram insuficientes para a crise que nós temos hoje. Por isso, estamos constituindo um grupo que vai reavaliar o funcionamento das bacias. Precisamos de regras que aumentem a segurança da água da bacia do São Francisco. O que significa não utilizar frequentemente os volumes mortos do rio. Aprender com a crise é reconhecer nossas limitações ao longo da história. Nosso sistema não foi pensado para operar em crise. Tenho esperança de que uma nova ANA nasça desta crise toda”, desabafou Andreu.
ASCOM – Assessoria de Comunicação do CBHSF
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