22/01/2018
Tribo Pankará recebe instruções para implantação de projeto irrigado
Junto à tão esperada obra que vai garantir água tratada para a comunidade indígena dos Pankarás, localizados em Serrote dos Campos, no interior de Pernambuco, a tribo também está recebendo orientações sobre a implementação de um projeto irrigado. Voltando a plantar, a comunidade pretende garantir a sustentabilidade do sistema de abastecimento.
Para isso, uma equipe de professores e estudantes da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e do Instituto Federal do Sertão (IF Sertão) está, desde sábado (20), na tribo apresentando e executando o planejamento do diagnóstico rápido e participativo junto com os índios. A ação funciona como um planejamento das atividades e ferramentas promovendo discussões e entrevistas que colaborem para o processo de elaboração de propostas produtivas para o projeto irrigado comunitário.
A agenda, iniciada na manhã do último sábado, contou com apresentação da proposta de trabalho e curso de irrigação, que deverá ser realizado em breve. A equipe ainda procedeu com visita a área da tubulação para instalação do Sistema de Abastecimento de Água (SAA). A tubulação, que levará água do Rio São Francisco através da adutora até as casas, já foi instalada. A empresa responsável pela obra segue com as demais etapas, como a construção da estação de tratamento, entre outras. A previsão é que a obra seja finalizada ainda no primeiro semestre de 2018.
Com isso, a expectativa da tribo é de que os cursos a serem ministrados e demais instruções aconteçam até a conclusão da obra, garantindo que eles possam já iniciar o cultivo. “Estamos muito felizes porque aos poucos o suporte que precisamos está chegando. Esses momentos são necessários para a sustentabilidade da adutora, ou seja, voltando a cultivar teremos uma fonte de renda de onde podemos assegurar recursos para pagar sua manutenção”, afirmou Geraldo Leal, liderança da comunidade indígena.
Nesse processo participativo, a tribo provocada pela metodologia da construção de mapa, apresentou a visão da aldeia e contou algumas histórias desde sua fundação até os dias atuais. Durante o dia de ontem (21), a equipe junto com as lideranças indígenas sob a organização da cacique Lucélia Leal, visitou alguns dos potenciais locais a receber o cultivo. Com algumas abordagens e avaliações de solo, as lideranças definiram o ponto ideal para a plantação. Foram realizadas entrevistas com a comunidade e visitações a algumas famílias que deveriam apontar suas vivências. “Nosso objetivo é conhecer a identidade da tribo. Com isso, iremos elaborar juntos um projeto com a cara do povo Pankará, incluindo além do saber científico, também a sabedoria do povo”, afirmou o professor Helder Ribeiro.
Hoje (22), último dia da agenda na tribo, o grupo deverá realizar a construção do projeto ideal de produção irrigada da comunidade e proceder com a avaliação e encaminhamentos finais. “A tribo conseguiu chegar a objetivos esclarecidos, o que é muito importante. A gente observa a comunidade extremamente organizada em relação ao que deseja e a partir disso, eles conseguiram delimitar o que é viável mediante suas características. Entendemos que a participação e organização social da tribo é fundamental para a sua sustentabilidade”, acrescentou o professor Pedro Robinson Medeiros.
Confira as fotos
Sistema de Abastecimento de Água
A obra, iniciada na comunidade, é integralmente financiada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) orçada em R$ 3,8 milhões, prevendo ligações domiciliares, redes de distribuição, adutora, elevatória, linhas de recalque e estação de tratamento, sistema de irrigação com conjunto de estruturas e equipamentos para captação, adução, armazenamento, distribuição e aplicação de água em culturas. O sistema deve compreender uma projeção estimada da população a ser abastecida para um período de alcance de 20 anos atendendo atualmente cerca de 418 índios.
“É muito satisfatório para mim, enquanto coordenador da CCR do Submédio São Francisco, observar essas obras em andamento, já em estágio avançado de acordo com o cronograma preestabelecido. Além disso, é muito satisfatório para nós termos a participação com muita dedicação dos professores e estudantes visando dar uma melhor destinação para o uso da água que será conduzida até aldeia e, consequentemente, trará benefício e qualidade de vida para a comunidade dos Pankarás”, concluiu o coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, Julianeli Lima.
Por Juciana Cavalcante
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