19/12/2018
Em visita dos membros do CBHSF à Tribo Pankará, data de entrega da obra do sistema de abastecimento é confirmada
“Um projeto que dignifica a vida…” é assim que a cacique da Tribo Pankará, Lucélia Cabral, definiu a obra do Sistema de Abastecimento de Água concluída na comunidade indígena, localizada na Aldeia Serrote dos Campos em Itacuruba, interior de Pernambuco.
Nesta terça-feira (18), o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), responsável pela obra que está garantindo o abastecimento de água potável para o povo Pankará, realizou uma nova visita técnica que antecede a entrega da obra do SAA, prevista para a segunda quinzena de janeiro de 2019.
“Estamos felizes com a presença de todos os representantes à comunidade. Neste momento, significa que o que sonhamos há seis anos vem se tornando realidade. Nossa expectativa agora, é que o projeto atenda seu fim com a questão da durabilidade e nos trazendo a segurança de que foi bem executado”, acrescenta a cacique.
A visita também contou com a presença do vice-presidente do CBHSF, Maciel Oliveira; do coordenador da Câmara Consultiva Regional (CCR) do Submédio São Francisco, Julianeli Lima; a procuradora do Ministério Público Federal, Maria Beatriz Ribeiro; a empresa Cassi, responsável pela execução da obra; o assessor técnico da Agência Peixe Vivo, Thiago Campos; e uma comitiva de professores e pesquisadores da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), responsáveis por orientar a comunidade indígena quanto a construção de um projeto irrigado.
Ocupando a atual localização da nova Itacuruba, transferida após inundação do seu território para a construção da usina de Itaparica, a tribo indígena perdeu nos últimos 12 anos a possibilidade de execução das suas atividades originárias, como a criação de animais e a produção de alimentos. O abastecimento humano também passou a ser feito, apenas, por caminhões pipa. A comunidade dos Pankarás contabiliza, atualmente, 418 índios vivendo na aldeia. Outras famílias, também, da tribo, optaram por morar na cidade devido à dificuldade do abastecimento de água, os quais já projetam retornar às terras familiares.
Com um investimento aproximado de R$ 3,8 milhões, a obra financiada integralmente pelo CBHSF com recursos oriundos da Cobrança pelo Uso da Água, conta com ligações domiciliares, redes de distribuição, adutora, elevatória, linhas de recalque e estação de tratamento, sistema de irrigação com conjunto de estruturas e equipamentos para captação, adução, armazenamento, distribuição e aplicação de água em culturas.
Segundo o vice-presidente do Comitê, Maciel Oliveira, que acompanhou a vistoria, o momento já é de celebração. “Este é um momento muito especial para o CBSHF e, em especial, para mim como vice-presidente, porque acompanhei essa trajetória do início. Há seis anos imaginamos a obra, e hoje, ao voltar e vemos a nova realidade. Casas com água já na torneira e estação de água funcionando. É muito importante para o Comitê dar um retorno à comunidade sobre a aplicação do recurso oriundo da Cobrança pelo Uso da Água da bacia. Temos esse compromisso e transparência, fazendo com que essa, seja uma referência para o Brasil como uma obra que preza pela sustentabilidade”, afirmou.
Durante os últimos anos, a tribo também reuniu importantes conquistas para a culminância desse projeto. Com apoio do CBHSF, o povo Pankará recebeu da Agência Nacional de Águas (ANA), a outorga para captação de água a partir do reservatório de Itaparica para o consumo humano e irrigação da aldeia. Já em maio deste ano, os membros do Comitê votaram a favor da cessão de todos os bens adquiridos e benfeitorias realizadas na construção do Sistema de Abastecimento de Água na tribo.
A obra tem projeção de atendimento dos próximos 20 anos, considerando o crescimento populacional da aldeia. Em 1988, quando a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) deslocou a sede do município de Itacuruba para a posição atual, pelo menos 1.500 famílias deixaram a antiga cidade. Na época, a aldeia contava com aproximadamente 245 índios. A estimativa é de que no ano de 2034 a tribo contabilize com 741 índios.
Integrando a comitiva, a procuradora do Ministério Público Federal, Maria Beatriz Ribeiro, destacou a importância social da obra. “Gostei muito de ver a realidade da comunidade e de conhecer a obra que considero um avanço importante para a comunidade. A tribo tem características comuns a outras tantas aqui no Sertão, que é estar perto do rio e mesmo assim não ter nenhum acesso a água, nem potável, nem para a irrigação. Então, acho essa, uma obra de extrema relevância e que de fato vai mudar a realidade aqui dos Pankarás”, concluiu.
Veja as fotos da visita:
Entrega da obra
Com a obra concluída, a previsão é que logo no início de 2019, o CBHSF realize a entrega oficial à comunidade Pankará. De acordo com a reunião desta terça-feira, o sistema só será recebido, em definitivo, caso não apresente nenhuma falha operacional. Ainda, no dia 17 de janeiro está prevista nova visita à aldeia pelo CBHSF e Agência Peixe Vivo para reavaliação do sistema.
Quanto a entrega da obra ao Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI)/ Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) garantindo por eles a gerencia da Estação de Tratamento e distribuição de Água, a previsão é que uma reunião seja realizada ainda no final deste mês de dezembro para assinatura de termo de entrega.
“Logo no início do ano iremos presentear a comunidade com essa importante obra. Faremos a primeira reunião da CCR na cidade de Itacuruba e não por acaso, nosso objetivo é celebrar esse momento tanto pela sua importância social, quanto pelo investimento realizado. Nessa ocasião devemos contar com a presença dos membros da Direc, e da presidência do CBHSF”, concluiu o coordenador da CCR do Submédio São Francisco, Julianeli Lima.
*Texto e fotos: Juciana Cavalcante
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